Lamento informar, mas o Carnaval chegou ao fim. Minto: não lamento tanto assim. Sou da turma que implica um pouco com a festa hedonista, não tanto pelo hedonismo “irreverente” em si, mas sim pela hipocrisia e falta de educação dos foliões. Aturar “crítica social” de traficante e bicheiro é um pouco demais da conta. E esse ano foi o ano do lacre: os “progressistas”, munidos de recursos provenientes do crime e com o apoio da grande mídia, atacaram seus fantasmas fascistas e enalteceram as “minorias” e os socialistas.
A vereadora do partido que defende oficialmente a ditadura venezuelana, assassinada no Rio, foi canonizada pela escola de samba que tem lideranças na cadeia e envolvimento com milícia e tráfico. Marcelo Freixo, do mesmo PSOL, caiu no samba para realizar sua “justiça social”, enquanto o povo venezuelano sofre sob a opressão do companheiro Maduro. Tudo muito lindo e emocionante. A demagogia vende, ao menos no Leblon e na Vila Madalena.
Teve até Satanás matando Jesus, já que ofender só é problema quando o ofendido é da seita comunista ou do Islã. Mas já disse e repito: meu problema não é com o Carnaval em si, uma válvula de escape para um povo sofrido que precisa mergulhar em ilusões com suas fantasias, desafiando regras e normas como se não houvesse amanhã. Essa fuga pode até ser saudável, desde que o iludido caia na real depois. Ou seja, a quarta-feira de cinzas é a ressaca dos excessos temporários dos dias anteriores.
Ou não. Ou o entorpecido precisa continuar em busca de novos entorpecentes, já que a realidade é dura demais para suportar. E é aí que mora o verdadeiro perigo. Permanecer no Carnaval. Criar o Carnaval perpétuo, como brasileiros costumam fazer. Pular de distração em distração em busca da euforia artificial constante. Pão e circo! Como um bêbado que escolhe mais bebedeira como “solução” para evitar os males da ressaca. Genial!
Não ligaria tanto para os lacres, a hipocrisia, o sensacionalismo barato da maioria das escolas de samba e seus admiradores, se no dia seguinte a turma reconhecesse que aquilo tudo não passa de uma doce ilusão. Sou capaz até de sambar com Freixo (exagero, claro) se, depois, a reforma previdenciária for aprovada, as estatais forem vendidas, a carga tributária for simplificada e reduzida. Visto uma camisa de Marielle na Sapucaí se, no dia seguinte, o pessoal vestir a camisa da abertura comercial e fim de privilégios.
O Carnaval simplesmente não me interessa tanto. Estou mais preocupado com o que vem depois. O ano “começou”, minha gente. E é bom que o governo consiga aprovar as reformas. Caso contrário, o futuro do Brasil é quem vai dançar. E esse samba-enredo, que conhecemos tão bem, não tem a menor graça.
Rodrigo Constantino