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O presidente Juan Manuel Santos entregou, na tarde desta quinta (25), o texto do histórico acordo de paz entre o governo colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

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Com um sorriso de orelha a orelha, o mandatário deixou a Casa de Nariño (sede do governo), cruzou a Praça das Armas em direção ao Congresso e entregou o documento, embrulhado em uma fita com as cores da bandeira nacional (azul, vermelho e amarelo), ao presidente da casa, Mauricio Lizcano.

Ali, Santos fez um pequeno discurso exaltando o fim da negociação e anunciando que o cessar-fogo bilateral, antes previsto apenas para depois da assinatura formal do tratado, já começará na próxima segunda-feira (29).

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Passada a euforia da festa que tomou as ruas de Bogotá na noite de quarta (24), porém, os colombianos despertaram com a íntegra do texto e a notícia de que vários pontos que tinham alta rejeição do eleitorado, segundo as pesquisas de opinião, estão no documento final.

“Os colombianos terão de engolir alguns sapos se quiserem a paz”, resumiu a analista Juanita León, do site “La Silla Vacía” (a cadeira vazia).

Outro ponto indigesto para muitos colombianos é o fato de o governo ter aceito distribuir dinheiro para auxiliar a reinserção dos guerrilheiros à sociedade.

Por fim, foi esclarecido um dos temas mais espinhosos, mas também mais caros para as Farc: a participação política. Em várias entrevistas, seus líderes vinham afirmando que a única razão pela qual a guerrilha aceitara negociar era porque gostaria de seguir defendendo suas ideias, porém sem armas e no Congresso.

Este foi um dos pontos mais travados do acordo, ao qual apenas se chegou a um consenso apenas nos últimos dias da negociação. Segundo o instituto Ipsos, 70% dos colombianos preferiam que ex-guerrilheiros fossem completamente banidos da política.

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Ainda assim, ficou estabelecido que os ex-Farc poderão formar um partido e concorrer às eleições, locais e nacionais. Para terem condições de se organizar como agrupação política, receberão anualmente, até 2026, uma verba fixa de ajuda do Estado.

O acordo estabelece que o novo partido já poderá concorrer nas eleições legislativas e presidenciais de 2018.

E bota sapo nisso! Entendo que o colombiano esteja saturado desse clima, dessa guerra constante, dos sequestros, das explosões, da violência. Entendo, também, a ótica de quem vê isso como o declínio final do comunismo na região, o último ato de rendição daqueles que estavam do lado soviético na Guerra Fria. Tiveram de se curvar ao “sistema”, às regras do jogo.

Foi o ponto de vista abordado por Clóvis Rossi. Para a revista “The Economist”, no número que está nas bancas, “o reconhecimento pelas Farc da ordem constitucional colombiana representa a morte de uma cepa de violência stalinista que infestou a América Latina por décadas”.

Sim, pode ser. Mas calma lá! A que custo? Não estou convencido de que a melhor forma para se obter a paz seja se aliar ao inimigo, fazer concessões demais, comprar seu apoio. Lembremos do que dizia George Orwell: “O jeito mais rápido de acabar com uma guerra é sendo derrotado”.

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Não vamos esquecer que esse acordo todo foi negociado em “território neutro”, Cuba, sob os cuidados dos ditadores Castro. Que são cúmplices das Farc! Será que as vítimas da guerrilha estão felizes? Será que deve ser festejado um acordo com bandidos?

Pablo Escobar queria ser presidente da Colômbia. O assunto voltou à tona com a série “Narcos”, da Netflix, que terá a segunda parte agora. Mas ele não conseguiu. As Farc, porém, conseguiram uma parte desse sonho: ser reconhecidas como agente político legítimo, mesmo depois de tudo que fizeram.

O comunismo se tornou um pretexto para os guerrilheiros. As atividades das Farc são sequestros, tráfico de drogas, crimes comuns, tudo isso embalado em ideologia vermelha. Como aceitar esse tipo de gente na política, num partido organizado, legítimo?

Seria como aceitar o PCC ou o Comando Vermelho formando um partido político no Brasil para disputar eleições. Ops! Já vimos isso, com o PT, que tem inclusive sua espécie de Farb, o MST. E não acabou nada bem. Nossa democracia foi quase totalmente destruída, assim como nossa economia.

Abram o olho, colombianos! Não deveríamos aceitar os intolerantes em nome da tolerância, como não podemos permitir antidemocráticos no jogo da democracia. Quem aceita o sequestro, o tráfico de drogas e os assassinatos como meios legítimos para seus “nobres fins” jamais irá jogar dentro das regras do jogo. O custo dessa “paz” poderá se mostrar alto demais…

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Rodrigo Constantino