Considerada intratável pelo entorno do ex-governador Sérgio Cabral e conhecida pelo ciúme excessivo, a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo ganhou destaque, nas últimas semanas, como personagem central do esquema de corrupção que teria desviado pelo menos R$ 224 milhões em contratos com empreiteiras.
A relação de Cabral e Adriana sempre foi muito intensa, marcada por grandes brigas. Políticos, pessoas próximas e funcionários do Palácio Guanabara descrevem a ex-primeira-dama como uma pessoa muito ciumenta e que enfrentou crises de depressão.
Um amigo muito próximo do casal assim a define:
— Extremamente inteligente e rápida no raciocínio. Sabe tudo sobre as operações de Cabral. Era simples, quando queria. E sofisticada também, dependendo da ocasião. É depressiva e vive à base de remédios. O uso de joias foi aumentando com o tempo.
Auxiliares do ex-governador dizem ainda que Adriana despertava medo entre os subordinados. Segundo esses relatos, a então primeira-dama costumava gritar com assessores, mandá-los “calar a boca”, e dava broncas públicas, inclusive em Cabral.
Os trechos acima descrevem um pouco do perfil de Adriana Ancelmo. Além de inteligente, ciumenta e controladora, Adriana era, como todos sabem, advogada de sucesso, num escritório que defendeu grandes empresas, inclusive empreiteiras ligadas a obras públicas no governo do marido. Uma mulher, portanto, atenta a tudo em volta, pronta para pegar o marido na primeira pulada de cerca, ciente das receitas do casal.
Mas eis que essa mesma Adriana Ancelmo alega, como mecanismo de defesa legal, que não sabia dos ganhos extraordinários de seu marido! Ela não tinha conhecimento dos gastos da família! Ou seja, joias de milhões começam a surgir como presentes, viagens de magnatas são feitas, os restaurantes mais caros de Paris são visitados, mas Adriana, advogada, ciumenta, de raciocínio rápido, não tem ideia de onde vem esse dinheiro todo.
Agora vamos conhecer outra mulher, com perfil bem diferente. Trata-se de Dona Marisa Letícia da Silva, que faleceu recentemente e era casada com o ex-presidente Lula. De origem humilde, perdeu o primeiro marido assassinado num assalto. Só trabalhou, pelo que consta, como inspetora numa escola, depois de ter embalado bombons numa fábrica de chocolate, bem novinha.
Depois, o que se pode dizer é que tinha um perfil submissa, de mulher apagada ao lado da figura mais carismática de Lula. Nos oito anos como primeira-dama do Brasil, Marisa Letícia não participou ativamente de nenhum projeto, fato duramente criticado pela oposição. Engolia as “amizades” mais coloridas do marido, inclusive aquela com Rose, que o Brasil todo tomou conhecimento.
Lula, que já deu todas as demonstrações de ser um típico machista (“mulheres de grelo duro”), tinha em sua “galega” uma companheira disposta a aceitar quase tudo. Estava claro quem mandava ali. No entanto, Marisa se revela, nos depoimentos de Lula ao juiz Sergio Moro, a cabeça de tudo, aquela que tomava decisões importantes como a compra de uma cobertura tríplex em frente à praia, sem conhecimento do maridão.
Adriana Ancelmo, inteligente, advogada, independente, não sabia de nada que seu marido Sergio Cabral fazia para obter tanto dinheiro. Marisa Letícia, submissa, apagada, sabia de tudo que seu marido não sabia sobre o destino do dinheiro do casal. E é nessas duas versões impressionantes, surreais até, eu diria, que essa turma quer que os juízes e a população acreditem.
É muita cara de pau mesmo! E no caso de Lula, com um agravante: a mulher está morta! Colocar a culpa na esposa falecida é de uma baixeza nauseante, e o fato de não despertar a revolta das feministas fala alto sobre o viés ideológico do movimento, que não tem mais nada a ver com as mulheres, e tudo a ver com o esquerdismo.
Que marginais acuados pela Justiça mintam para tentar se safar, isso é natural. Mas deveria haver um limite. Os cavalheiros medievais, em uma época acusada pelas feministas de ser totalmente machista, paternalista e até misógina, seriam capazes de morrer pela honra de suas esposas, famílias, nomes. Lula, o guru das feministas, não se importa de jogar o nome de sua mulher na lama, para não ir preso.
Entenderam o mal que o movimento feminista fez às próprias mulheres? Quando o Titanic afundou, mais de 80% dos sobreviventes eram crianças e mulheres, e muitos homens se despediram, segundo relatos, com um aceno de adeus e sorriso nos lábios, para acalmar suas mulheres e filhos. Mais tarde, na década de 1980, já sob efeito do feminismo, quando um navio afundou na Europa, quase todos os sobreviventes eram homens e jovens, que usaram a força física maior para se safar, inclusive pisoteando mulheres.
Lula não se importa em pisotear sua falecida esposa no túmulo, manchando aquilo que há de mais precioso para alguém: seu nome, sua honra. Transfere a responsabilidade de seus atos ilícitos para a mulher morta, que não está aqui para se defender. É baixo, é indecente, é asqueroso. Mexeu com uma, mexeu com todas? Então todas as mulheres deveriam estar indignadas hoje com o que fez Lula. As que não estão, especialmente as feministas, deixam transparecer sua essência verdadeira, seu caráter – ou a falta dele.
Rodrigo Constantino