A grande imprensa tem um claro viés ideológico que aponta à esquerda. Na era das redes sociais, isso foi desmascarado e se viu que a pluralidade era mais uma palavra bonita do que uma atitude. Não obstante, os jornalistas, mesmo em grande parte “progressistas”, são os que produzem furos de reportagem e apontam para os malfeitos dos governos.
Nenhum deles gosta de críticas ou investigações. Atacar a imprensa, portanto, é parte do cotidiano de todo governo. O presidente Trump fez sua campanha em torno disso e mantém essa estratégia no poder. Ela rende frutos, já que há mesmo um claro partidarismo por parte da mídia, mais torcedora do que analista. O mesmo ocorre no Brasil com Bolsonaro.
Eis a tática: usar esse viés ideológico da mídia para tentar calar toda e qualquer crítica ou mesmo fatos incômodos revelados. Todo governo deseja que o público se informe apenas pelos canais oficiais. A desculpa é não só o tal viés, que existe mesmo, mas também a acusação bem mais grave de que há uma agenda oculta por trás de tudo que os jornalistas fazem.
Que alguns possuem de fato tal agenda não resta dúvida, ainda que seja mais provável o simples alinhamento de visão de mundo. Muitos jornalistas tentam encaixar os fatos em sua narrativa ideológica preconcebida. Só que a teoria da conspiração dos governistas vai mais longe, bebendo disso para tentar calar qualquer crítica real. E isso é péssimo para a democracia.
Se existe uma agenda oculta em alguns veículos de comunicação, é preciso reconhecer que também há uma agenda de parte dos que estão no governo. E ela não é em prol do bem comum, do País, mas sim, de um projeto de poder. Para essa ala mais radical, o clima de guerra permanente é interessante. Demonizar toda a mídia é fundamental para posar de vítima perseguida. O PT fazia o mesmo, vale notar.
É o que explica a postura da ala mais jacobina do bolsonarismo, liderada pelos filhos Carlos e Eduardo. Gerar intrigas constantes, apontar para inimigos o tempo todo, desmascarar “traidores” e acionar a metralhadora giratória contra aqueles que fazem perguntas ou cobram coerência e explicações se torna uma questão de sobrevivência política. Essa é a agenda oculta desse pessoal.
O problema é que o Brasil tem outra agenda. Precisa das reformas econômicas liberais de Paulo Guedes, do pacote anticrime de Sergio Moro, mas perde tempo com futricas que produzem reações negativas no Congresso. Os “puristas” assustam a base aliada, com razão. A articulação do governo fica capenga em troca de curtidas nas redes sociais. É um preço muito alto que o País paga para que fanáticos se sintam templários salvando a civilização. O Brasil corre o risco de afundar se o presidente não se der conta do perigo.
Artigo originalmente publicado pela revista IstoÉ
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