Sei que já disse antes, mas repito: o Brasil cansa. É preciso ter paciência, insistir, apostar na maioria silenciosa, pois a minoria barulhenta passa a impressão de que somos um caso perdido mesmo. Falo da reação ao meu artigo com título provocador, afirmando que precisamos de menos escolas e mais prisões. Foram quase 20 mil curtidas, mas em compensação despertou a fúria dos gafanhotos.
Quem não se limitou ao título e efetivamente leu o texto, entendeu perfeitamente o recado (assumindo não se tratar de um mentecapto): a qualidade de nosso ensino público é terrível, não é problema de falta de recursos públicos, logo, de nada vai adiantar jogar mais dinheiro estatal nesse sistema falido, e a principal causa da criminalidade é a impunidade, o que clama por mais punição dos marginais.
Resumo da ópera: se os recursos são escassos, e se a esquerda reclama que não devemos punir bandidos para não piorar a superlotação carcerária, então é elementar: que se pare de jogar recursos nesse modelo paulofreiriano fracassado e que se construam mais prisões. Uma conclusão derivada de uma hipérbole, algo que os críticos sequer sabem o que significa.
Pronto: foi o suficiente para a fúria dos humanistas. Alguns pediram a minha prisão por escrever tal texto. Ou seja, o jovem que abriu a barriga do médico ciclista e expôs suas tripas deve ficar solto, talvez ter algumas aulas sobre Marx e Paulo Freire numa de nossas fantásticas escolas públicas, enquanto eu devo ser enjaulado, ainda que seja necessário, agora sim, construir mais prisões. Não é fofo?
A reação da esquerda era até esperada, mas nunca deixa de surpreender, pois no fundo sempre temos alguma esperança de que a estupidez humana, ao contrário do universo, não tende ao infinito. Mas os néscios pululam, e não perdem uma oportunidade de distorcer o que é dito, pois se a falta de inteligência já assusta, a canalhice assusta em dobro. “O colunista da VEJA quer menos escolas! Que animal!!!”
Assim complica. Eu poderia concluir que tal reação me dá razão e corrobora minha tese: essa gente é filhote de Paulo Freire, de Marx. Não saiu das ruas, da “escola da vida”, mas de cursos universitários, alguns com mestrado ou mesmo doutorado. Educação resolve? Depende. Qual? Se for para dar essa “educação” aos jovens, então o melhor seria mesmo fechar todas as escolas!
Mas vai afirmar algo assim, exagerando na hipérbole para fazer seu ponto, em um país como o Brasil. Lá estará a manchete: “Liberal deseja fechar todas as escolas do país”. É um espanto. E o mais espantoso ainda é que essa horda sequer tem noção de seu papelão. Foram doutrinados e são hoje alienados. O sistema funciona “bem”, dependendo do ponto de vista. Do gramsciano ou paulofreiriano, funciona que é uma perfeição!
O resultado está aí: uma massa de analfabetos funcionais que se julgam “críticos do sistema”, contra a burguesia alienada. Eleitores do PT e do PSOL, claro. Gente que confunde educação com conscientização, doutrinação ideológica, pois “não existe neutralidade”. A eles, respondo com Dom Lourenço de Almeida Prado, que foi reitor do Colégio São Bento, simplesmente o melhor do Rio e um dos melhores do país segundo os rankings oficiais. Em Educação: Ajudar a pensar, sim; Conscientizar, não, Dom Lourenço diz:
Vejam que o uso do verbo conscientizar, como verbo ativo (a forma normal seria reflexiva – conscientizar-se, eu me conscientizo, eu tomo consciência), trai a intenção do agente, que não é despertar ou ajudar a tomada de consciência, mas impor um pensamento a ser passivamente acolhido. Não é à toa que esse verbo parece ter surgido em ambiente socialista. […] é um processo opressivo, em que o professor exorbita de sua função de auxiliar, assume postura despótica, ditando sua doutrina e sua ideologia. Não conduz à liberdade, mas à sujeição, a automatismos, portanto, à não-educação. Essa atmosfera voluntarista é que se verifica na escola totalitária, de modelo marxista ou de modelo fascista. […] é prática muito frequente em nossas escolas, muitas vezes acobertada com nome insidioso de educação libertadora (presente Frei Beto, com seus folhetos de Moral e Cívica) e, ainda, nas pregações marxistas empreendidas abusivamente sob o manto da liberdade de catédra. Como se criam tiranias sob o nome quase sagrado de liberdade!
Faço coro com Dom Lourenço e Madame Roland, que em plena Revolução Francesa, aquela inspirada em Rousseau que pariu Robespierre, desabafou: “Ó, liberdade! Quantos crimes se cometem em teu nome!” Como negar isso quando, em nome da liberdade, esses militantes disfarçados de professores enchem a cabeça dos jovens com lixo marxista? Como negar isso quando, em nome da liberdade, tem gente que defende Cuba, Venezuela, Che Guevara, PT?
A criminalidade está fora de controle no Brasil, e isso não é por falta de ensino público. Talvez tenha até uma correlação contrária: esse ensino esquerdista, que espalhou esse relativismo moral e a ideia de que o marginal é “vítima da sociedade”, possivelmente contribuiu para o caos atual. E esses “intelectuais” querem soltar os bandidos! Querem, em vez de construir mais prisões, abrir as prisões!
Que preguiça! Poderia encontrar algum regozijo no fato de, hoje, assistir a esse lento afundamento do Titanic Brasil de longe, mas não consigo. É meu lado patriota, minhas raízes, minha família e meus amigos, meu desejo de um dia retornar para um país melhor, mais civilizado, mais seguro, menos esquerdista. Por isso que tenho de deixar a preguiça de lado e continuar na luta contra a barbárie, o atraso, o marxismo. Não passarão! Ainda que, para isso, seja preciso fechar algumas escolas e abrir algumas prisões…
Rodrigo Constantino
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