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Comentei aqui o caso do lorde John Sewel, que renunciou ao Parlamento britânico, do qual era vice-presidente, após escândalo com prostitutas e cocaína. Disse que era mais um caso da imensa hipocrisia da esquerda caviar: um lorde, um aristocrata trabalhista, portanto de esquerda, e moralista, já que cuidava de questões éticas, pego no flagra com drogas ilegais e vestido de mulher ao lado de prostitutas. Alguns leitores comentaram que a hipocrisia não é monopólio da esquerda.

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Concordo. Há moralistas e carolas de direita que, por baixo dos panos, levam vidas muito hipócritas. O filme “American Beauty” retratou um deles no personagem do milico durão que acaba matando o vizinho após tentar beijá-lo e ser rejeitado. Era homossexual enrustido, o hipócrita. Mas meu ponto principal não era atribuir à esquerda o monopólio da hipocrisia, do mesmo jeito que ela não tem o monopólio da virtude, ao contrário do que pensa.

Meu foco era mostrar como essa esquerda caviar costuma ser hipócrita, apenas isso. E a repercussão do caso, um prato cheio não só para tablóides, convenhamos, suscita outro ponto muito importante nisso tudo: o silêncio ideológico dos jornais. Vejamos a Folha impressa: retratou a notícia de sua renúncia sem citar uma vez sequer o partido do lorde! O leitor acaba de ler o escândalo sem saber que o aristocrata cheirador era trabalhista!

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No blog de Leandro Colon, correspondente do jornal, há a menção, perdida lá no meio: “Sewel foi filiado ao Partido Trabalhista até 2012 – hoje, não pertence a nenhuma sigla”. Agora vem o xis da questão, e pergunto ao leitor, para que reflita e só responda depois, com sinceridade: acha que a reação da imprensa em geral seria a mesma se o lorde fosse conservador? Basta responder essa pergunta para escancarar todo o viés da imprensa. Ela tem um duplo padrão, costuma poupar a esquerda, mas sempre expor a direita, quando possível. A CC, por exemplo, sequer achou que a notícia merecia atenção, e se você procura por John Sewel em seu site, aparece “nenhum resultado encontrado”.

Muitos adotam esse comportamento sem nem se dar conta, de forma inconsciente. Há algo podre para retratar dos conservadores? Então lá estará, sempre ao lado do escândalo, do adjetivo depreciativo (como “bufão” para Donald Trump), seu partido, sua ideologia. Mas o mesmo não ocorre quando o alvo é um esquerdista. Nessa hora, sua origem intelectual, sua filiação partidária, passam a ter menos importância.

Em casos mais graves, como atentados terroristas, isso é mais visível ainda. Basta um maluco se dizer nazista que ele será logo associado à direita (grande equívoco histórico) e seu ato terrorista será igualmente jogado para a direita, misturando-se com conservadores e liberais que nada têm com aquilo. Mas os terroristas socialistas, em quantidade muito maior, acabam tratados apenas como terroristas, deixando-se de lado sua ideologia, que muitas vezes era o catalisador de seu ato bárbaro.

Terroristas de esquerda, aliás, costumam ser chamados de “ativistas”, “manifestantes”, “guerrilheiros”, tudo, menos terroristas. É mais uma evidência de como a imprensa em geral tem um claro viés ideológico, e ele pende para a esquerda. Como negar isso? Dá para acreditar que o partido do lorde teria tão pouca relevância se fosse o Conservador, e não o Trabalhista?

Rodrigo Constantino

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