O cálculo do PIB tem vários problemas, mas um deles, em especial, será nosso foco aqui: a ideia de que mais gastos públicos impulsionam a economia. É porque em sua fórmula, o gasto entra ao lado do consumo das famílias e dos investimentos, num viés keynesiano já evidente em sua concepção: Y = C + I + G + (X – M), onde C é o consumo, I é investimento, G é gasto público, X é exportação e M é importação.
Logo, se o governo expandir seus gastos, isso irá “animar” a economia. Claro que o economista sério entende que o consumo privado ou o investimento será menor por conta disso, que o dinheiro não cai do céu nem brota do solo. Mas economista sério é raridade até entre “economistas”, e isso não leva em conta os leigos, os políticos etc.
Para uma mente não treinada, existe somente aquilo que se vê de imediato. Bastiat, em meados do século XIX, falava justamente daquilo que não se vê, dos efeitos secundários que muitos costumam ignorar. E o mesmo Bastiat refutou, na mesma época, diversas falácias por conta dessa miopia ou ignorância econômica. Entre elas a ideia de que os gastos com reparos ativam a economia.
Pense num furacão que destrói uma cidade. Será preciso renovar muita coisa, construir novas casas, hospitais, e tudo isso representa mais… PIB. Bastiat falava da falácia da janela quebrada: o míope ou leigo olha apenas para o vidraceiro recebendo um novo serviço, e conclui que reparo de janela é algo bom para a economia, o emprego, o PIB. Mas é mesmo?
Fosse assim, concluiríamos que quebrar todas as janelas intencionalmente seria algo fantástico para o PIB. Por que esperar a desgraça natural? De fato, Keynes chegou a propor cavar e fechar buracos apenas para estimular a economia e o nível de empregos, e Krugman, o seguidor mais fanático de Keynes, sugeriu gastos contra alienígenas inexistentes. Não entenderam Bastiat até hoje!
Como vemos nessa notícia da CNBC, canal esquerdista da mídia mainstream. A chamada já deixa transparecer a ignorância econômica: Tempestade devastadora pode realmente aumentar o PIB americano e pressionar a inflação. A explicação é a velha falácia: será preciso reconstruir muita coisa, o que vai “estimular” a economia.
O que esses “gênios” não questionam é como os recursos escassos seriam utilizados caso não fossem destinados para tal reconstrução. Se o dono da janela quebrada não tivesse que ajeitar a janela, o vidraceiro ficaria sem a remuneração, mas talvez o sapateiro vendesse um sapato novo, ou o teatro teria um ingresso a mais vendido, ou então o estoque de poupança aumentaria um pouco, pressionando a taxa de juros para baixo e estimulando empréstimos produtivos.
O custo de oportunidade é aquilo que essa turma nunca leva em conta. É impressionante que tanta gente não tenha compreendido algo tão básico depois de tanto tempo. Lula mesmo falava em distribuir dinheiro público para injetar recursos na economia e “fazer a roda girar”, com base no consumo maior (sem lastro em poupança). Seria o moto perpétuo de crescimento. Para esquerdistas, é o rabo que balança o cachorro, não o contrário.
Tempestades terríveis acabam, então, ao menos reanimando a atividade econômica. Eles olham o copo meio cheio, ainda que esteja meio vazio. Olham para um efeito como se não tivesse causa ou alternativa. Seria por isso que a esquerda acaba se encantando com os black blocs, os Antifas e o Black Lives Matter? Porque esses vândalos, em seus atos de quebra-quebra, estão na verdade agindo como bons keynesianos e estimulando a economia?
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
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