Deu em O Antagonista:
A Folha destaca que o palanque eleitoral de Geraldo Alckmin em 2018 reunirá ideias de esquerda, como a redistribuição de renda pelo Estado por meio de programas sociais, e de direita, como o aperto nas contas públicas, privatizações e uma política dura de segurança.
“Para furar a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro na campanha presidencial, o tucano começou a montar um discurso híbrido (…).
O objetivo do governador paulista é se consolidar como o principal nome de centro na disputa, absorvendo plataformas” de ambos os lados.
O deputado Silvio Torres (PSDB-SP) tentou resumir:
“O governador é uma pessoa convicta da necessidade de controle das contas públicas, mas sabe que o rigor pode afetar setores da sociedade que dependem do Estado. Ele cuida com zelo das contas públicas, mas tem sensibilidade para atender às necessidades da população, especialmente a de baixa renda.”
Os “moderados” fazem um esforço e tanto para apelar ao “centro”, como se o ideal fosse uma mistura equilibrada entre socialismo e capitalismo, entre esquerda e direita. Mas desde quando misturar lama com sorvete dá certo? Não salva a lama, e só estraga o sorvete!
Em 1960, o senador Barry Goldwater escreveu The Conscience of a Conservative, em que defende com clareza o liberalismo econômico e o constitucionalismo conservador. Era a plataforma de sua candidatura em 1964, e que preparou o terreno para Ronald Reagan depois. No livro ele escreve sua famosa frase: “Extremismo na defesa da liberdade não é vício; moderação na busca da justiça não é virtude”.
Entendo que o extremismo possa levar a posturas intransigentes e até perigosas, mas o liberal-conservador tinha um ponto: a moderação, por si só, nem sempre é uma qualidade. Esse papo de que o ideal é não ser nem de esquerda nem de direita é coisa de “isentão”, 99,9% deles sendo de esquerda. Alguém acha que na Guerra Fria o lado certo era em cima do muro, entre a América e a União Soviética? Pois é…
A fala atribuída a Alckmin é pusilânime, covarde, e tenta monopolizar os fins nobres, o que a esquerda sempre fez. É como se somente esquerdistas se preocupassem de fato com os pobres e as minorias! Ora, ter sensibilidade para com os pobres significa, por acaso, defender como meio as políticas sociais do estado? Desde quando? Quais os resultados concretos dessas medidas?
Hélio Beltrão, do Instituto Mises Brasil, comentou sobre isso: “Esta é a aposta baseada no passado do Brasil: a pose de moderado, o desfile de isentão, a crença cega no teorema do eleitor mediano. Espero que o eleitor dê uma lição nos calculistas”. Foi com base nessa mentalidade que Alckmin virou um outdoor ambulante de estatais em 2006, acusado de “privatista” pela esquerda radical.
Fazer concessões aos socialistas não é ser moderado; é ser cúmplice de bandidos! Alckmin, no governo, ensaiou até uma aproximação pragmática ao MST! Mas com invasores comunistas não há possibilidade de diálogo, de conversa, de acordo: aplica-se a lei e ponto final!
Repito: a mistura entre socialismo e capitalismo liberal não salva o socialismo, que é errado em tudo, e apenas estraga o capitalismo liberal. Nuanças e discordâncias dentro do capitalismo liberal, sobre qual o papel ideal e possível do estado numa sociedade livre, tudo bem: faz parte do jogo democrático e deve ser a postura daqueles sensatos, que rejeitam o radicalismo.
Mas isso não pode ser sinônimo de uma “terceira via” que, no fundo, pretende resgatar o socialismo fracassado, preservar um grau de intervenção estatal indevido e absurdo, um paternalismo incondizente com a liberdade e a responsabilidade individuais. Posso estar enganado, mas creio que acabou a paciência do eleitor com esse tipo de “neutralidade”, que pode muito bem ser confundida com indiferença entre o certo e o errado, entre o que funciona e o que é pura retórica.
Rodrigo Constantino
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