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Um dos temas mais relevantes para quem se importa com as liberdades individuais no mundo de hoje é sem dúvida a “marcha das minorias oprimidas”, ou a “revolução das vítimas”. O fato de eu ter me dado conta disso fez com que muitos “liberais” me “acusassem” de ter virado um conservador (não fico ofendido), pois, em suas cabeças, um liberal de verdade só deveria ligar para a economia e deixar esse lado cultural de lado. Não poderia discordar mais!

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Tenho lido bastante coisa sobre o assunto, e fico cada vez mais estarrecido com o que vejo, e mais seguro de que essa é a grande batalha que precisamos travar, se desejamos resgatar valores e as liberdades individuais tão prezadas pelo liberalismo clássico. Explico isso melhor no meu curso “Civilização em Declínio: salvando o liberalismo dos ‘liberais’“. O pêndulo extrapolou, e os “progressistas” asfixiaram nossas liberdades com esse vitimismo todo.

Um ótimo exemplo disso está na decisão que Berkeley tomou recentemente, de tirar 20 mil vídeos do ar para não ter de arcar com um custo proibitivo da regulação insana que visa a “proteger as minorias”:

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The handicappers general in the Department of Justice strike again: the University of California, Berkeley, is deleting a massive amount of free, online content in order to comply with the Americans with Disabilities Act.

Berkeley previously housed an online library consisting of more than 20,000 videos of lectures. These videos were free and accessible to the public. But they are free no longer: next week, administrators will withdraw access to anyone who isn’t a Berkeley student or professor. 

Why? Because the federal government left them no other choice.

Esses vídeos não seriam acessíveis aos que possuem “problemas de audição”, ou seja, surdos. Por isso, Berkeley teria que gastar uma verdadeira fortuna para colocar legendas em milhares de vídeos. O custo seria absurdo. A universidade, então, preferiu simplesmente retirar os vídeos todos do site. Resultado: para não “ofender” uma minúscula minoria, prejudica-se uma imensa maioria. É exatamente o que temos visto em geral no mundo de hoje.

Nunca os “fracos” tiveram tanto poder! Nunca as “minorias” foram tão majoritárias em impor seus anseios aos demais. O politicamente correto é uma praga, e essa obsessão por “proteger” as “minorias” tem levado a um clima de total destruição da liberdade de expressão. Quem não percebeu isso ainda, não entendeu absolutamente nada do mundo moderno e das novas táticas de poder das esquerdas, com a cumplicidade inocente de muitos “liberais”.

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Um amigo meu, Antonio Bindi, fez um desabafo em sua página do Facebook sobre essa palhaçada de “alerta de gatilho”, o excessivo cuidado que todos precisam ter atualmente para não “ofender” ninguém (a menos, claro, que seja um homem branco heterossexual cristão ou judeu – aí pode xingar à vontade). A paranoia com as “microagressões” tomou conta do mundo universitário, matando o ambiente propenso ao debate livre de ideias. Eis o que diz o amigo:

“Alerta de gatilho”

Este é o termo ridículo que vamos começar a ler no começo de textos esquerdistas (e, quiçá um dia, ser obrigados a escrever em qualquer texto), supostamente para alertar previamente o leitor sobre conteúdo que pode magoar seu coraçãozinho sensível.

Trigger Alerts já estão presentes em notícias, artigos, provas, postagens no Facebook. Hoje tive o desprazer de ler um Alerta de Gatilho numa postagem brasileira. Esquerdosa, obviamente.

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Essa onda do “cuidado pra não magoar” já não beira mais o ridículo. Isso se tornou um tsunami nos EUA. Em universidades, alunos e professores estão sendo obrigados a mudar o sagrado conceito americano de “Liberdade de Expressão”, de algo feito para garantir a livre expressão de idéias, para uma forma de cercear a expressão alheia, sob pretexto que ela “pode vir a magoar alguém”

Em vez de Freedom OF Speech, impõe-se o Freedom FROM Speech.

Para proteger ouvidos e corações sensíveis, algumas universidades chegam a criar Speech Free Zones (áreas de expressão livre), exatamente da mesma forma que se criaria um fumódromo.

Sim, isso mesmo. Uma área previamente demarcada no campus, único lugar onde você pode falar o que quiser. Em todo o resto da universidade, suas ideias TÊM que ser filtradas, seu discurso moldado ao politicamente correto, dirigido ao bravo público que ousar ouvi-lo, seja qual o for o assunto.

Se magoar alguém fora do “discursódromo”, o aluno pode sofrer sanções e até expulsão da universidade. Esqueçam conversas sobre política no refeitório! Nem pense em desejar um “vai com Deus” na hora da saída! Algum ateu pode ter um chilique porque você foi insensível no lugar proibido!

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Já li um Alerta de Gatilho por aqui. Quero só ver em quanto tempo essa palhaçada toda chega aos corações sensíveis do Brasil.

Não vai demorar muito, e vai chegar com tudo, claro, pois o Brasil é mestre em copiar as piores ideias do mundo. A Prager U, de Dennis Prager, produziu dois excelentes vídeos, como de praxe, sobre o assunto. Recomendo! Infelizmente, não há legenda em português ainda, mas estou pouco me lixando se isso “ofender” quem não sabe inglês. Que vá aprender, ora! Não posso prejudicar os que sabem a língua estrangeira com receio de “ofender” os que não sabem, não é mesmo?

Eis, então, o primeiro deles, em defesa da liberdade de expressão, lembrando que “liberal” nos Estados Unidos quer dizer esquerda:

E eis o segundo vídeo, mostrando como as universidades americanas estão abandonando esse valor tão básico para os verdadeiros liberais:

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É isso. O liberal que não se dá conta do que está acontecendo e não coloca essa guerra cultural como prioridade, não merece ser chamado de liberal, em minha opinião. Não canso de lembrar que Edmund Burke, o “pai do conservadorismo”, era um liberal Whig, mas soube se adaptar ao seu tempo quando viu que os bárbaros jacobinos chegavam ao seu portão, tentando demolir todos os pilares da civilização ocidental, e pior: em nome da liberdade!

Combater o politicamente correto, o “progressismo”, a afetação dos líderes desses movimentos de “minorias”, é algo fundamental para resgatar valores liberais e preservar nossas liberdades. Os liberais deveriam se unir aos conservadores de boa estirpe nessa batalha, e não bancar os inocentes úteis dos “progressistas” fazendo coro a essa pauta subversiva de valores em nome da proteção das “minorias” ou ignorar tal ameaça para focar apenas na economia, aspecto secundário nessa guerra cultural.

Quando ninguém puder falar mais nada que soe “ofensivo” para qualquer “minoria”, não haverá muito o que defender de liberdade econômica. Já seremos todos escravos!

Rodrigo Constantino

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