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O clima dos “debates” políticos no Brasil anda muito tóxico, poluído principalmente pelas redes sociais, as praças públicas da era moderna onde qualquer idiota tem voz – e em bandos fazem muito barulho.

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Nesse ambiente polarizado, alguns acham que, para derrotar os comunistas, é necessário aderir ao nacional-populismo autoritário. Ou seja, a alt-right entende que é preciso utilizar as mesmas armas do inimigo nessa guerra.

Com base nessa mentalidade, quem não sucumbe totalmente a esse modus operandi é tratado como inimigo. Por ser uma visão tribal de mundo, binária e maniqueísta, existe somente os aliados fiéis ou os adversários, tidos como inimigos mortais. Não há meio-termo possível.

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É por isso que todo aquele que passa a criticar certas posturas “do lado de cá” se torna automaticamente um “isentão”, um petista infiltrado, um tucano enrustido, um globalista. O sujeito pode ter lutado contra a esquerda a vida toda, não importa. Se não bate palma para os mais radicais da dita direita, só pode ser do “outro time”. E só há, claro, dois times no jogo.

Pois bem: resgato o primeiro discurso oficial de Castello Branco como presidente do Brasil em 1964, para mostrar que ninguém menos do que o marechal que assumiu o governo no contragolpe ao iminente golpe comunista rechaçava tal simplismo binário. Eis um trecho:

Defenderei e cumprirei com honra e lealdade a Constituição do Brasil. Cumprirei e defenderei com determinação, pois serei escravo das leis do País e permanecerei em vigília para que todos as observem com exação e zelo.

[…]

Caminharemos para a frente com a segurança de que o remédio para os malefícios da extrema-esquerda não será o nascimento de uma direita reacionária, mas o das reformas que se fizerem necessárias.

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Não por acaso Castello Branco era tido como “frouxo” pela turma mais linha-dura do regime militar. Hoje seria considerado isentão, tucano traidor, corneteiro do fracasso e comunista por aqueles que demonizam a ala militar do governo Bolsonaro, os representantes dessa direita nacional-populista autoritária.

Rodrigo Constantino