Essa notícia deveria revoltar, mobilizar os indignados, gerar alguma reação mais forte. Mas ela, infelizmente, já se perde em um mar de notícias semelhantes todos os dias, na banalização da criminalidade no Rio de Janeiro. Vejam:
Uma estudante do Colégio Santo Inácio levou uma facada por volta das 13h desta terça-feira (3) durante uma tentativa de assalto na Rua Dona Mariana, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. De acordo com o comando do 2º BPM (Botafogo), ela foi levada para uma clínica do SUS, na Rua Voluntário da Pátria. Até as 18h30, não havia informação oficial sobre o estado de saúde dela.
Logo após o ocorrido, o comandante do batalhão determinou operações de inteligência para coletar dados sobre a ocorrência e intensificou o policiamento na região. A 10ª DP (Botafogo) investiga o caso.
Em uma página no Facebook dedicada a relatos de violência em Botafogo e bairros vizinhos, uma integrante do grupo fez um post contando sobre o assalto e diz que a vítima “agora passa bem”.
O jornal relata outros casos similares, todos recentes. São muito comuns, o que gera a sensação de banalização, de aceitação do absurdo como normal. É parte do cotidiano dos cariocas.
Em um texto no Instituto Liberal, fiz a ligação dos casos de assalto na saída do Santo Inácio com o de um apedrejamento de um carro de luxo por manifestantes professores. É o país dos recalcados.
Esses marginais assaltam com ódio, com violência, pois vivem escutando que são eles as “vítimas”, da sociedade, do capitalismo, do mundo. Seguros da impunidade, partem para a agressão, pois são alimentados por ideologias que os eximem de responsabilidade por seus atos, e que ainda os transformam em “justiceiros” muitas vezes, pois roubam dos “riquinhos”, da “elite”.
Vejam essa outra notícia:
A Polícia Civil investiga como um grupo de jovens conseguiu entrar no pátio automotivo do Porto de Rio Grande, no Sul do Rio Grande do Sul, e dirigir carros de luxo que estavam estacionados no local. O incidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (3) e deixou 10 veículos do modelo Chevrolet Camaro danificados.
O delegado plantonista da Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), Ivan Caldas, acredita que o grupo tenha pulado o muro “que não é muito alto” e ido em direção aos carros de luxo. Um adolescente de 14 anos, que acabou sendo apreendido, relatou aos seguranças do porto que o grupo queria tirar fotos junto aos veículos e depois postar na internet.
“Como eles viram as chaves na ignição dos carros, eles entraram no interior dos automóveis e passaram a manobrar, mas muitos não sabiam dirigir. O adolescente relatou que eles só queriam dar uma volta”, contou o delegado.
A garotada queria tirar fotos com os carros de luxo e não viu nada demais em dirigi-los? E de quem são os carros? E como fica o respeito à propriedade alheia? “Só queriam dar uma volta”? E fala assim, como se não fosse nada demais? Vai trabalhar para ter o próprio carro, vagabundo!
É essa mentalidade de recalcados que está por trás desses abusos todos. O sujeito quer o cordão do outro, quer a bolsa da outra, quer o carro do outro, e acha que pode simplesmente pegar? É a banalização total do crime. A qualquer hora do dia, em todo lugar, os marginais se mostram mais e mais ousados, abusados.
Enquanto isso, a população decente fica cada vez mais acuada, sentindo-se refém, comemorando se chegar inteira em casa com todos os seus pertences no fim do dia, como se isso já fosse uma vitória. O que se passa com o Brasil? Que país é esse que permitiu esse absurdo? Enquanto bandidos forem tratados como vítimas, os cidadãos ordeiros serão vítimas em quantidade cada vez maior. Com sorte, ficarão vivos.
Rodrigo Constantino
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