Imagine a seguinte postagem no Facebook: “Procuramos colegas de quarto para nossa faculdade, mas todos devem ser brancos”. Qual seria a reação da faculdade, do Facebook, da imprensa, do mundo? Pois é. Sabemos que a vida de quem publicou uma mensagem dessas seria destruída. Racismo não é tolerado no século XXI. O que estou dizendo? Claro que é! Desde que seja contra… os brancos!
Sim, pois o que aconteceu foi justamente o contrário: estudantes da Pitzer College divulgaram a busca por “roomates”, com a condição de serem todos POC (“people of colour”). Uma estudante chamada Zada replicou que deveria haver algum engano, perguntando se não era algo racista a se dizer. A tréplica diz tudo: “Isso é para proteger as pessoas de cor, não os brancos. Não vejo então como isso pode ser racismo”.
Outra estudante veio em defesa da tese: “Pessoas de cor têm permissão de criar espaços exclusivos. Não é racismo reverso ou discriminação, mas autopreservação”. Uma outra disse que não quer ficar pisando em ovos em volta dos sentimentos frágeis dos brancos num espaço que só quer relaxar e se sentir confortável. Ela ainda acrescentou, talvez para provar não ser racista: “Eu poderia viver com brancos, mas estaria bem mais à vontade apenas com outras pessoas de cor”.
Mais uma aluna saiu em defesa do grupo e sua tese, alegando que alunos brancos são motivo de “trauma” para ela: “Por que eu deveria viver com isso? Trazer para dentro de casa isso? Um lugar que deveria ser seguro para mim?”
Na missão da escola, consta que os alunos devem compreender questões e eventos para além de sua própria lente cultural. Mas, como podemos notar, o multiculturalismo é uma mão de via única. Da mesma forma que os ocidentais precisam tolerar mesmo os intolerantes muçulmanos radicais, que não precisam tolerar os ocidentais, parece que os brancos devem tolerar a diversidade racial, mas o contrário não é verdadeiro.
O mais chocante de tudo isso é a turma realmente não considerar racismo suas declarações. Os brancos todos podem ser considerados a priori potenciais inimigos, fator de traumas, sensíveis e frágeis, presenças incômodas, mas basta pensar por um segundo qual seria a reação geral se a coisa fosse no sentido contrário para perceber como o mundo ficou louco. O duplo padrão é evidente, e ele tem tudo a ver com a “marcha dos oprimidos”, o câncer da era moderna.
Rodrigo Constantino
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