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Amoedo do Novo rejeita rótulo de “bolsonarismo gourmet” e prega privatização do BNDES

João Amoêdo era um desconhecido da população e terminou a eleição presidencial em quinto lugar, à frente de figuras conhecidas como Marina Silva, Henrique Meirelles e Alvaro Dias. Romeu Zema nunca havia disputado uma eleição e faturou o governo de Minas Gerais, derrubando os medalhões Fernando Pimentel e Antonio Anastasia. O Novo elegeu para o Congresso uma bancada pequena, de apenas oito deputados federais, e composta apenas por estreantes – ainda assim, é um grupo que faz barulho, incomoda oposicionistas e aliados do governo e chegou a ser contemplado com um café da manhã exclusivo com o presidente da República.

O partido Novo conseguiu, no prazo de pouco mais de um ano, conquistar uma relevância na política nacional que legendas com muito mais tempo de estrada não alcançaram. Com os holofotes vieram também as controvérsias: a principal, da qual o partido parece não conseguir se livrar, é de que a sigla é “o partido dos ricos”. Amoêdo declarou, para as eleições do ano passado, patrimônio de R$ 425 milhões, sendo o mais rico dos candidatos à Presidência. E a abertura de um processo seletivo para as eleições de 2020 que pedia pagamento de uma taxa de R$ 4 mil reforçou o estereótipo.

A aproximação do Novo com o governo de Jair Bolsonaro (PSL) também atrai críticas. Nas redes sociais, é comum ver o Novo ser chamado de “bolsonarismo gourmet”, apelido pejorativo que indicaria o partido como portador de ideias similares às mais controversas defendidas pelo presidente, mas com menos virulência.

Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, no final do mês de maio, o presidente do partido, João Amoêdo, busca rebater os rótulos: diz que a legenda é formada por “pessoas simples” e que a sintonia com o governo Bolsonaro se deve pela agenda econômica. “Até ficaria estranho se a gente não defendesse essas pautas”, disse, em referência aos projetos tocados pelo ministro da Fazenda, Paulo Guedes.

“O projeto do Bolsonaro não é o projeto do Novo”, acrescentou Amoêdo, segundo quem o partido tem uma postura “independente” em relação ao governo.

Sobre a avaliação que faz do governo Bolsonaro até aqui, Amoedo disse: “Eu entendo que ainda é um pouco recente para se fazer uma avaliação mais definitiva, por ter toda uma complexidade do governo. Do lado positivo, eu vejo a montagem da equipe econômica e as pautas trazidas por essa equipe. Do lado negativo, eu citaria dois pontos principais. Um é o tratamento que foi dado à educação. Acho que faltou muita gestão, muito debate. Houve muita guerra ideológica. E o segundo é que o governo, na minha opinião, poderia ter dado prioridade aos assuntos mais essenciais e evitado algumas polêmicas que acabam atrasando coisas como a reforma da previdência, e ter assim buscado um diálogo maior com o Congresso. Mas eu espero que ele vá aprendendo com esses erros, para que tenha uma capacidade de execução melhor.”

Após a demissão de Joaquim Levy do BNDES, Amoedo usou as redes sociais para defender a venda do banco estatal, uma bandeira liberal que tanta falta faz em nossa política:

O Brasil precisa tanto de forças políticas mais conservadores como outras mais liberais. Era o espaço que a hegemonia esquerdista usurpava da direita democrática liberal. A ala econômica do governo Bolsonaro, sob o comando de Paulo Guedes, é bastante liberal, e daí o alinhamento automático do Novo, com base em princípios e agendas.

Mas certamente Bolsonaro traz um viés mais conservador em outras áreas, que eu julgo importante, apesar de trazer também as “polêmicas desnecessárias” produzidas por uma ala que não é exatamente conservadora, e sim reacionária. Vejo, portanto, como natural esse apoio comedido ou embate pontual entre liberais do Novo e o governo Bolsonaro.

O fato é que os deputados do Novo são os maiores defensores das reformas liberais do governo, enquanto os ideólogos reacionários do bolsonarismo preferem falar de pavões e terraplanismo…

Rodrigo Constantino

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