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Estava demorando. Um socialista democrata, que trabalhou voluntariamente na campanha de Bernie Sanders, abriu fogo contra políticos republicanos, colocando um deles entre a vida e a morte. Em sua página pessoal do Facebook, havia não só fotos de Sanders e bandeiras socialistas, como mensagens de ódio ao Partido Republicano e ao presidente Trump. Mas eis que gente da mídia mainstream já resolveu culpar… os próprios republicanos pelo ato terrorista.

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No que está sendo referido como seu “tiro de despedida” contra os republicanos, o âncora de jornalismo da CBS, Scott Pelley, disse na quinta-feira que os republicanos foram parcialmente culpados pelo tiroteio durante o jogo de baseball do GOP que quase levou a vida do congressista Steve Scalise e feriu vários outros membros do partido.

“É hora de perguntar se o ataque ao Congresso dos Estados Unidos ontem foi previsível e, até certo ponto, auto-infligido”, começou Pelley. “Muitos líderes e comentaristas políticos que nos deram um exemplo a seguir nos levaram a um abismo de retórica violenta, o que, não deve ser surpresa, levou à violência. Ontem não foi a primeira vez”, acrescentou.

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“Em dezembro do ano passado, um homem com um rifle de assalto invadiu uma pizzaria da área de Washington para libertar crianças escravas sexuais que Hillary Clinton estava mantendo lá – ou, pelo menos, era o que os sites de blogs políticos haviam dito”, continuou ele, referindo-se à teoria da conspiração do ‘Pizzagate’. “Ele atirou em uma porta trancada para descobrir que nenhuma criança estava acorrentada”.

“Bernie Sanders chamou Trump de o presidente mais perigoso da história”, disse Pelley, “e o atirador ontem foi um voluntário da Sanders”. “Você pode pensar que nenhuma pessoa sensata atuaria com base no discurso de ódio político e você estaria certo”, acrescentou o âncora. “O problema é que há muitos americanos que lutam com doenças mentais”.

“Em fevereiro, o presidente tuitou que os meios de comunicação eram ‘o inimigo do povo americano’. “Mais tarde, em um almoço com repórteres, o presidente Trump foi questionado se se preocupava que a linguagem incitasse a violência. Sua pausa indicou que isso nunca tinha passado por sua cabeça. E então ele disse: ‘Não, isso não me preocupa'”, disse Pelley.

“Como crianças, somos ensinados que ‘as palavras nunca me ferirão’, mas quando você pensa sobre isso, a violência quase sempre começa com palavras”, disse ele. “No mundo do Twitter, acreditamos que o nosso primeiro pensamento é o nosso melhor pensamento”, concluiu. “Já passou da hora de todos nós – presidentes, políticos, repórteres, cidadãos, todos nós – fazermos uma pausa para pensar de novo”.

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Pelley, que está saindo da posição atual na CBS e retornando ao “60 minutes” por conta de baixa audiência, apanhou em comentários no Twitter:

“Uau, desprezível é muito leve para descrever a CBS e Pelley”; “Pelley tenta defender um psicopata esquerdista”; “Pelley foi demitido! Como ele ousa dizer que Scalise e os republicanos foram atingidos por culpa própria? Imbecil”.

Conservadores e outros à direita observaram a diferença na cobertura do ataque aos republicanos e ataques anteriores. O próprio senador Bernie Sanders culpou diretamente a retórica republicana pelo ataque de 2011 contra Gabrielle Giffords, enquanto não se responsabilizou por sua própria retórica que poderia ter incentivado o atirador James Hodgkinson. O sujeito se ofereceu na campanha presidencial de Sanders e tinha uma farta retórica violenta contra os republicanos nas redes sociais.

Um texto de opinião do New York Times fez uma comparação semelhante, mas explícita e falsamente afirmou que havia mais laços entre a retórica de Sarah Palin e o tiroteio de Giffords do que entre a retórica de esquerda e o tiroteio contra os republicanos.

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Os médicos disseram no domingo que a condição de Scalise melhorou de crítica para séria e que ele estava falando com sua família e entes queridos. Que possa viver e se recuperar!

Rodrigo Constantino