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Flavio Rocha, da Riachuelo, se lançou candidato a presidente por considerar que o Brasil necessita de um conservadorismo nos costumes e um forte liberalismo econômico, e não enxergava nenhum candidato com esse perfil. Não escondi que o empresário, de fato, concentrava tais características e talvez fosse o melhor nome disponível.

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Mas como sua candidatura não decolou, ainda que ele tenha ajudado a pautar o debate, os liberais-conservadores “órfãos” migraram em peso para o nome de Bolsonaro, inclusive eu. A prioridade era impedir a volta da extrema-esquerda, e ainda havia a chance de um governo efetivamente liberal na economia, se Paulo Guedes fosse mesmo indicado ministro e gozasse de ampla margem de manobra.

A dúvida era legítima. Afinal, Bolsonaro tem um passado mais estatizante. As dúvidas, porém, foram se dissipando à medida que Bolsonaro escolhia sua equipe e delegava poder de decisão a Guedes. Com isso, vai ficando mais claro os contornos de um futuro governo realmente liberal na área econômica, e firme no resgate de valores tradicionais quando o tema é moral.

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É justamente por isso que Rocha publicou um texto hoje na Folha, bastante animado com o que vem por aí, e chegando a comparar Bolsonaro com Thatcher, um exagero, sem dúvida, mas que transmite a essência da mensagem de guinada à direita esperada pelo empresário, com combate duro aos sindicalistas. Diz um trecho do texto:

Brasília está agitada como havia tempos não se via, animada até. A perspectiva de uma nova era domina rodas de políticos, empresários, jornalistas. De um jeito ou de outro, a mudança iminente mexe com a capital do país. Não é para menos. Depois de quatro mandatos consecutivos de uma esquerda retrógrada, pela primeira vez o poder troca efetivamente de mãos. Embora o governo do PT tenha acabado em 2016, só agora um presidente que em tudo lhe é antagonista chega ao poder ungido pelas urnas.

Em outra parte, Rocha faz o elo com a grande estadista britânica: “Com Bolsonaro, temos a nossa Margaret Thatcher, a primeira-ministra britânica que nos anos 80 dobrou os fortes sindicatos do país e colocou de joelhos o obsoleto Estado do bem-estar social, que apenas sobrecarregava a classe que realmente trabalhava”.

Sendo um pouco mais cético, prefiro esperar para ver se Bolsonaro vai mesmo merecer tal nobre comparação. Afinal, é preciso entregar os resultados, como fez a dama de ferro. Mas entendo o ponto do empresário: o futuro presidente tem todos os quesitos para se tornar o estadista brasileiro que derrubou de vez o modelo fracassado que dominou nossa política e economia por décadas desde a redemocratização.

O fim do Ministério do Trabalho, a equipe econômica escolhida, o ministro do Meio Ambiente proveniente do movimento Endireita Brasil, o ministro da Educação sendo um respeitado intelectual conservador, tudo aponta para um governo que vai, de fato, deixar para trás esse ranço vermelho responsável por nosso atraso.

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Há, sim, como já constatei em outros textos, motivos de sobra para otimismo e ânimo. O que se viu até aqui é alvissareiro. Flavio Rocha, ao ter puxado o debate para esse lado, também tem motivo de sobra para se sentir orgulhoso. Foi um dos empresários corajosos que contribuíram para essa mudança no clima intelectual do país, preparando o terreno para a chegada da direita ao poder com uma agenda reformista liberal na área econômica e conservadora na área cultural. Vamos em frente!

Rodrigo Constantino