Ele andava bastante sumido. Devia estar em seu refúgio nababesco em Angra dos Reis, no condomínio Portobelo, torcendo para ser esquecido, para poder curtir sua fortuna em paz. Mas era um sonho difícil. Afinal, não tinha como não ter deixado rastros. O estilo de vida não condiz com a vida de servidor público. E o legado que deixou – um estado falido, com violência em alta e em estado de calamidade pública – era demais para ser ignorado.
Falo de Sérgio Cabral, claro. E eis o que a Folha revela: o ex-governador levava “comissão” de 5% nas obras da Copa, segundo a Odebrecht. Cabral nega, mas até aí é o que faz todo político citado nas delações. Reinaldo Azevedo comenta:
Segundo informam Marina Dias e Bela Megale, na Folha, Benedito Barbosa da Silva Júnior, ex-diretor presidente da construtora Odebrecht, disse, nas tratativas de seu acordo de delação premiada, que Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, cobrava imodestos 5% sobre obras que eram feitas no Estado, sob responsabilidade do governo.
Cabral teria obtido vantagens em obras como Maracanã, Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e linha 4 do metrô — só nesse caso, teria sido um capilé de R$ 2,5 milhões. Não custa lembrar: o estádio, orçado em R$ 720 milhões, saiu por R$ 1,2 bilhão.
O possível relato da Odebrecht coincide com a delação de Rogério Nora de Sá e Clóvis Peixoto Primo, da Andrade Gutierrez, que afirmaram à Força-Tarefa que Cabral exigiu 5% do valor total do contrato para permitir que a empresa se associasse à Odebrecht e à Delta no consórcio para a reforma do Maracanã.
Ouvido pela reportagem, Cabral deu a resposta que os acusados costumam dar nesses casos: manteve relações apenas institucionais com as empreiteiras.
Pois é… Considerando que a informação divulgada pela Folha vá coincidir mesmo com o depoimento de Benedito Barbosa, fico cá me perguntando o que levaria o presidente de uma empreiteira e dois altos diretores de outra a mentir — especialmente quando tal mentira também os incrimina, ainda que os prêmios pelas delações pagos pelo Ministério Público sejam altíssimos.
Dizer o quê? Que se investigue tudo, não é mesmo? Cabral e as empreiteiras nunca tiveram uma relação que primasse, digamos assim, pela ortodoxia.
Para os tristes padrões do Rio, Cabral foi um governador até “razoável”. E eis a situação em que o estado se encontra hoje: quebrado, mergulhado no caos. Claro que não foi obra apenas do PMDB carioca, como alega Marcelo Freixo de olho nas eleições municipais. O partido contava com o apoio do PT. Eram parceiros no crime. E parte da desgraça fluminense tem ligação direta com a crise na Petrobras, causada pelo governo federal petista.
Mas é inegável que Cabral teve sua parcela de culpa. Assim como é inegável que leva um estilo de vida incompatível com o salário de político. Logo, deve ser investigado. E, caso se comprove o crime, deve ser punido. Chega de tanta impunidade! Chega de tanto “malandro” tomando conta de nossos governos. A solução não é, naturalmente, colocar lá um desses esquerdistas oportunistas que falam em socialismo em pleno século XXI. O caminho é procurar algo NOVO!
Rodrigo Constantino
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