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Aparentemente, bebês ainda não nascidos só são humanos quando pertencem a Beyonce
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O duplo padrão seletivo é a marca registrada da esquerda caviar. Dependendo de quem está sendo julgado, o veredicto pode variar 180 graus. O mesmo ato pode significar a santidade ou a comprovação de um pacto com o demo, dependendo apenas se foi realizado por alguém da própria esquerda ou por algum direitista desalmado qualquer. É essa hipocrisia que já deu, que vem cansando todo mundo, ao menos os que não foram abduzidos por alienígenas que implantam chips nos cérebros humanos desprotegidos.

Matt Walsh, do The Blaze, comenta o mais novo caso absurdo de inversão instantânea: a cantora Beyonce, grávida de gêmeos, homenageada no Grammy Awards. Ele mostra como a gravidez, repentinamente, tornou-se uma dádiva, e aqueles fetos, tantas vezes comparados pelas feministas de esquerda a parasitas ingratos que brotam no útero do além, sofreram uma transmutação e se tornaram… humanos!

Primeiro, a roupa da cantora: ela surgiu como uma espécie de deusa pagã, adornada em ouro brilhante com um halo na cabeça. Daí logo pulou para o sacrilégio com os cristãos, simulando a cena da última ceia, sendo que ela era Cristo mulher – e totalmente sexualizada. Ao fim, não estava claro se ela pretendia ser Cristo, Virgem Maria ou uma espécie de divindade egípcia.

Walsh está seguro de que ela responderia “D”: todas as opções acima. Beyonce não é do tipo “humilde” que se contentaria em ser a “Rainha”, como ela tantas vezes se descreve com os efusivos aplausos em coro de seus fãs. Isso não basta: ela agora precisa ser um messias, uma divindade. E seus admiradores ou fãs precisam dançar de acordo com a música: agora são discípulos. Após sua performance, a internet se viu repleta de adoração, com proclamações exageradas de que nenhuma outra criatura é tão perfeita e bela.

Até mesmo suas colegas de estrelato tiveram que entrar no jogo, e Adele chegou a se desculpar pelo “crime” de ter vencido no Álbum do Ano, quebrando o troféu em dois para dividi-lo como um tributo com a deusa Beyonce. A cena toda já seria um tanto absurda, mas o fato de que Beyonce está grávida tornou tudo ainda mais confuso. Sua gravidez era um ponto focal da apresentação, um enorme destaque na parafernália toda.

E o bizarro aconteceu: os esquerdistas falaram em “celebração da maternidade”. Todo aquele ouro materialista virava um símbolo lindo para as “mães grávidas” (sim, agora elas são “mães” sem problema algum). Até mesmo os mais radicais pró-aborto falaram em “bebês” para se referir aos fetos “intrusos” na barriga da cantora, e eles ainda foram tratados como as verdadeiras estrelas do show.

A gravidez passou a ser enaltecida pela esquerda abortista, que chegou a dizer que coroas de ouro deveriam adornar toda mulher grávida. Aqueles conservadores cristãos, como o próprio Walsh, que vêm há anos tentando glorificar a gravidez, tratando-a com o maior respeito e como um milagre, apenas para serem ridicularizados pela esquerda que agora demonstrou tanto respeito pela barriga protuberante de Beyonce, ficaram tontos com uma inversão tão imediata.

De repente, a gravidez é algo cool novamente. Os bebês em estágio embrionário são humanos novamente. A vida é vida novamente. Isso costuma acontecer quando pessoas famosas engravidam, de preferência a turma da esquerda caviar. Foi o caso de George Clooney quando anunciou a gravidez de gêmeos de sua mulher. Mas claro que com Beyonce seria tudo mais glamouroso, espalhafatoso, pois ela é, afinal, a musa, uma deusa.

Para Walsh e para todos os conservadores, a gravidez continua sendo algo maravilhoso, mesmo quando se trata de Beyonce e todo esse entorno brilhante. Cada gravidez é um milagre em si, a ser celebrado. O motivo é simples: cada feto na barriga de uma mulher (e até a última checagem isso era uma exclusividade biológica feminina) é uma vida humana. E celebrar a vida é o sentido fundamental para um conservador.

Mas a cultura moderna, eivada de feminismo radical, considera uma vida a ser celebrada apenas aquela de grávidas famosas, particularmente se a famosa por Beyonce. Walsh gostaria de crer que isso ao menos vai na direção certa, que essa turma está celebrando uma vida, melhor do que nada. Mas ele não concorda com isso. Para ele, o caso não é uma exceção na cultura do aborto em voga, mas um produto dela. Esquerdistas acreditam que os bebês na barriga de Beyonce são seres humanos não porque todos os bebês em gestação são seres humanos, mas porque os bebês da Beyonce são. Não há ligação com algum valor intrínseco da gravidez, mas com o valor da própria Beyonce, que seria maior do que toda vida na Terra somada.

A relação dos fetos com Beyonce lhes dá uma humanidade que falta à maioria dos outros bebês. O esquerdista adorador de celebridades chama as crianças no ventre de Beyonce de “bebês” – não de “fetos” ou “aglomerados de células” – porque ele enxerga “bebê” como um rótulo exclusivo que deve apenas dignificar os poucos privilegiados. É inconsistente e incoerente, mas segue perfeitamente a lógica seletiva esquerdista. Há método nessa aparente confusão, da mesma forma que socialistas podem demonizar empreendedores ricos ao mesmo tempo em que glorificam alguns bilionários quando adotam retórica igualitária.

É por isso que uma feminista radical de esquerda pode continuar pregando o assassinato de milhões de bebês no útero ao mesmo tempo em que glorifica e santifica os bebês no ventre de Beyonce. Ela não enxerga nada de errado nessa postura. A gravidez de Beyonce merece tanta reverência porque é de Beyonce, e ela merece toda essa adoração. A mídia adora Beyonce, seus fãs a adoram, então esses bebês passam a ter valor, pois este é sempre subjetivo, não intrínseco. A vida só deve ser louvada quando o indivíduo em questão assim resolve fazer, por critérios pessoais.

A adulação em torno da gravidez da popstar, portanto, não é algo que os conservadores deveriam festejar como ao menos uma aproximação entre a esquerda e a celebração da vida. Ao contrário: Walsh acha que isso pode afastar ainda mais essas pessoas da crença cristã de que toda vida tem valor em si. O caso reforça a ideia de que é a mãe quem dá o valor aos bebês, o status de humanos ou não, o poder de determinar se eles possuem dignidade. Se os bebês forem de Beyonce, aí eles terão a dignidade máxima. Não espanta o fato de ela realmente se considerar uma deusa.

Rodrigo Constantino

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