Estimativas de consultorias privadas apontam que a inflação em 2014 na Argentina alcançou o maior nível desde que Néstor Kirchner, marido da atual presidente Cristina Kirchner, assumiu a presidência, em 2003. Os cálculos apontam que a inflação no país vizinho no ano passado ficou entre 35% e 39%.
E qual a reação do governo? O ministro da economia, Axel Kicillof, disse que reforçará o programa “Precios Cuidados”, responsável pelo controle de uma cesta de produtos básicos, com a intenção de conter o avanço da inflação. Ou seja, a velha receita esquerdista de intervenção nos preços da economia, como se tal controle fosse impune pelo mercado e eficaz.
Cada vez que o fracasso do modelo argentino salta mais aos olhos, menos defensores dele aparecem pela nossa imprensa. Estão envergonhados, e fingem não ter nada com aquilo. Mas quem tem memória boa vai lembrar da enorme quantidade de gente aplaudindo a “justiça social” do casal Kirchner, defendendo o elevado intervencionismo na economia, seguindo os moldes bolivarianos da Venezuela.
Até ex-tucano que mais parece petista roxo hoje em dia escreveu textos elogiosos sobre o modelo argentino. Não é, Bresser-Pereira? O país do tango seguiu a cartilha esquerdista direitinho, enquanto os economistas liberais, como este que vos escreve, intensificavam o tom das críticas e faziam vários alertas pessimistas.
Uma vez mais o tempo foi amigo da razão, e a esquerda fez o que melhor sabe fazer: enfiou a cabeça na areia, como um avestruz, e se fez de sonsa. Se a esquerda aprendesse com a história, ela desaparecia, deixava de ser esquerda. O esquerdismo, afinal, nunca deu certo.
Mas aqueles defensores do modelo argentino não sumiram por completo; estão apenas calados, escondidos. Só que ainda estão no poder! Tiveram que fazer uma concessão indignada ao malvado “mercado”, aceitando a indicação de Joaquim Levy para o ministério da Fazenda.
O “fiscalista” ortodoxo que fará o trabalho sujo do ajuste fiscal, colocando limites na gastança estatal, principal causa da inflação elevada. Será acusado de “neoliberal” quando as dores do ajuste começarem, e vale notar que ele não é bem um liberal, pois ajuste com aumento de imposto até minha avó faz, como já disse aqui.
Mas a alternativa a Levy era mais do mesmo, ou seja, continuar com Mantega. Seria Mercadante e Dilma dando as cartas sem reconhecer equívoco algum do passado. O sonho de boa parte da esquerda, do PT, do governo. E se fosse assim, podem estar seguros de uma coisa: a Argentina seria o Brasil de amanhã.
Com Levy, ganhamos tempo. Resta saber quanto…
Rodrigo Constantino
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