Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal e originalmente no blog do autor
O portal G1, do grupo Globo de comunicações, lançou semana passada uma ferramenta de “checagem de fatos”, que permite aos usuários contribuírem na caça a “notícias falsas” disseminadas pela grande rede de computadores. Esta ladainha foi muito utilizada na campanha de Hillary Clinton nos Estados Unidos, e espalhou-se como uma praga pelo mundo do jornalismo “isento” após a vitória de Donald Trump. Afinal, quando os veículos da mídia tradicional fazem torcida em vez de análise, nada mais natural do que buscar classificar como inautênticos quaisquer fontes de informação que não sejam eles mesmos. Diante da novidade, muitos internautas teceram considerações interessantes ao acessarem a área de comentários da página:
Mas pensam que parou por aí a campanha contra os cronistas independentes da Internet? Que nada: agora até ataque terrorista islâmico vira gancho para atacar o meio de comunicação mais democrático e popular já inventado – e que, por enquanto, ainda não foi “regulado” o suficiente para salvar a reserva de mercado da imprensa ordinária (no bom e no mau sentido).
Foi no programa Fantástico de domingo passado, quando de reportagem sobre o muçulmano que matou três pessoas e feriu várias outras em frente ao parlamento inglês. O foco inicial da matéria era o fato de que o “atacante” nada mais era do que um “lobo solitário”, sem ligações com o ISIS, em uma clara intenção de desvincular o assassino do Islã – muito embora salientar que qualquer islamista pode transfigurar-se em um genocida de infiéis, mesmo sem pertencer a um grupo radical, advogue contra a seita de Maomé, a meu ver, mas deixemos assim por ora.
Eis que, na sequência da análise tão imparcial quanto o Casagrande comentado jogo do Corinthians, vem à tona o real intento da emissora: demostrar que o islamista radicalizou-se pela Internet, lendo postagens e assistindo vídeos produzidos pelo Estado Islâmico, bem como mantendo contato online com outros extremistas.
Vejam vocês: se não fosse pelo Youtube, o Facebook, o WordPress e o Skype, aquele terrível atentado em Londres não teria acontecido! Até mesmo “especialistas” da rede BBC (aquela mesma cujos jornalistas da filial brasileira recentemente “justificaram” seu hábito de não utilizar a palavra terrorista para referir-se a “defensores da liberdade” e “vingadores de injustiças”) produziram um documentário especial narrando a trajetória de terroristas graduados na modalidade EAD – ensino à distância.
Então ficamos assim: basta não permitir que tais pessoas suscetíveis de se explodirem por aí tenham acesso a este “conteúdo didático impróprio” disponibilizado online que elas não irão virar lobisomens com a primeira lua cheia infiel, certo? É claro que, durante este processo de vigilância das publicações em websites, pode ser que um ou outro usuário tenha seu direito a livre manifestação do pensamento censurado, mas nada que possa sobrepor-se ao desejo coletivo de paz mundial, não é mesmo? Diante deste cenário, nada mais justo que aprofundar o controle sobre tudo que é dito pela Internet, dando ao Estado poderes infinitos sobre o gerenciamento do mundo virtual.
Palhaçada das maiores, isso sim! A velha mania da extrema-esquerda de culpar a arma e não o indivíduo pelo seu crime. Vão propor um “desarmamento de Wifi” agora, para sanar o problema? Tipo assim: se existe uma propaganda pela morte dos ocidentais infiéis que está arregimentando soldados do terror, então corta-se ou limita-se o canal por onde ela circula?! Muito conveniente para o pessoal que “luta contra fakenews”, hein…
Mas tudo bem: eu aceito o debate proposto pela TV britânica, inclusive concordando que os ataques não possuem relação de espécie alguma com os ditames do Corão, se os ingleses me mostrarem um (01, apenas um) campo de treinamento paramilitar de crianças, como este do vídeo, que seja mantido por cristãos, judeus, espíritas, católicos, evangélicos, umbandistas, professantes do candomblé, enfim: qualquer outra religião? Challenge accepted, BBC?
Como desabafou recentemente o editorial do jornal Estadão, a “Direita barulhenta” vem dando muita dor de cabeça para aqueles que acostumaram-se por décadas a falar sem sofrer réplica. Tudo bem, é compreensível que estejam sofrendo com a adaptação aos novos tempos. Mas puxar o tapete da concorrência desta forma, querendo privar-lhe dos meios de propagar suas opiniões divergentes? Arrancando-lhes o microfone da boca ao propor que a Internet seja vigiada pelo governo – ou alguém duvida que a verdadeira finalidade deste projeto de “fact-checking” nada mais é do que demonstrar uma suposta necessidade da aprovação de leis que dificultem o acesso a materiais produzidos de forma autônoma?
Tal empreitada parece ser questão de vida ou morte para a mainstream media, dado que até mesmo ao terrorismo islâmico resolveram se aliar na busca por este ideal. Que desespero, hein? Coisa feia mesmo.
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