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É um espanto! Já tinha visto várias tentativas de se defender o indefensável em nome da “arte”, o incentivo à pedofilia, colocar crianças tocando em homens nus ou vendo exposições em que um adolescente negro pratica sexo oral e anal com dois garotos brancos. Mas foi a primeira vez que li que, não fossem coisas desse tipo, a maioria seria conservadora e terrorista, matando gente por aí.

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O autor atende pelo nome Dodô Azevedo, e seu texto não saiu no Facebook, na Caros Amigos ou na Carta Capital, mas sim no GLOBO, bem ao lado da bela coluna de Carlos Andreazza sobre Palocci e o PT. É um relato bem pessoal, que começa com a confissão de uma experiência infantil, na qual, aos 9 anos, o autor ficou “nu, abraçado a uma atriz, também nua, de 34 anos”.

Não pense, caro leitor, que esta foi uma experiência qualquer. Não! Segundo o autor, tudo que ele é hoje se deve a esta experiência: “Devo tudo o que sou a este inesquecível exercício artístico”. “A arte me civilizou”, diz. E continua:

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Nunca mais fui ator, mas a experiência me levou aos livros, à curiosidade a respeito de tudo, a uma profunda admiração pelo diferente, pelo ambíguo, pelo outro. E garantiu que eu não me tornasse um fundamentalista, um terrorista, um atirador de massa, um espancador de mulheres, um suicida. Pois este é o nosso estado primitivo, nossa desgraçada condição. O estado bruto e primitivo de nós é conservador, misógino, intolerante, inculto, preconceituoso, armamentista, classista e explorador do homem pelo homem. A arte é o único dispositivo efetivo contra a barbárie.

Não obstante a mistura de conservador a um monte de qualificações terríveis, como espancador, terrorista ou assassino, eis que sem a nudez infantil ao lado da mulher no palco, o autor estaria provavelmente atirando em inocentes aleatoriamente, como o monstro de Las Vegas, ou dando murros em mulheres pelas ruas. Ele foi salvo por aquela nudez!

Não quero ser mal interpretado: sou totalmente favorável ao poder da arte. Ao poder civilizatório mesmo. Com Roger Scruton, compartilho da relevância da beleza, por exemplo, do esforço de nos elevar acima do efêmero, buscando o transcendental. A arte é tão importante porque a vida não basta, porque queremos mais. A literatura pode mesmo abrir mentes, educar, formar cidadãos melhores.

Mas calma lá! Fosse apenas isso, e não teríamos artistas monstruosos. E os temos, em lotes! Temos artistas que defenderam o nazismo, e temos nazistas que apreciaram música clássica. Temos artistas que defenderam e defendem o comunismo, o socialismo. Temos artistas que defendem Maduro na Venezuela. Temos artistas que são terríveis em suas ações cotidianas, mesquinhos, egoístas, violentos, narcisistas. Temos artistas que espancam mulheres. Temos artistas pedófilos, e estupradores.

A arte não salva! E também é preciso perguntar: qual arte? Porque chamar qualquer porcaria de arte, comparando um satírico urinol a Rembrandt, ou uma “instalação” de lixo com Michelangelo, ou um funk pobre e misógino com Beethoven não faz o menor sentido, faz? Se tudo é arte, então nada é arte. Se não há garantia de que a alta cultura possa livrar alguém da barbárie, menos ainda porcaria chamada de arte!

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Para o “artista” em questão, que foi “salvo” pela “arte” da nudez infantil, o mundo conservador é um mundo de “tiroteios e massacres” como rotina. Um mundo “progressista” estaria livre disso tudo, dessa barbárie. Se ao menos as crianças pudessem ficar nuas no palco ao lado de adultos…

Como fica claro, a “arte” não salva. Ela pode, ao contrário, ser uma justificativa cafajeste de defender a barbárie!

PS: No caso específico dele, agradeço ter ficado nu no palco aos 9 anos para não ser hoje um terrorista assassino. Eu acredito quando ele confessa que estaria matando inocentes por aí não fosse esse detalhe em sua vida. Eu realmente acredito.

Rodrigo Constantino