Fui um duro crítico do petismo desde o começo. Falava em Foro de SP e comunismo quando a maioria estava encantada com Palocci. Publiquei um livro todo contra o partido ainda em 2005, As trapalhadas e contradições do PT, lançado antes mesmo do mensalão, onde já falava da bandeira da ética esgarçada. E com isso atraí sempre muito ódio da militância petista, que passava o dia tentando me intimidar ou xingar.
Mas confesso ao leitor: eu nunca vi nada na magnitude do bolsonarismo! Esse é um governo que tem Paulo Guedes, Tarcísio Gomes de Freitas, Salim Mattar, Adolfo Sachsida, Paulo Uebel etc, ou seja, era um governo que eu tinha tudo para apoiar! Mas, como já expliquei melhor aqui, o bolsonarismo é a azeitona na empada liberal, e por isso a postura razoável é a de crítico construtivo.
À medida que os filhos e sua militância intensificavam os ataques a adversários – qualquer um – eu ia subindo o tom contra essa postura tóxica e inaceitável. Um dos temas que mais incomodaram foi a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada americana. Tudo muito absurdo! Idade mínima recém-completada, falta de qualificação, cheiro de nepotismo etc. Tornei-me um crítico duro desse sinal de favoritismo no pior estilo da velha política.
Até alfinetar que, para ser “mito” mesmo, o presidente teria que encarar seus filhos, impor limites, colocar cada um em seu devido lugar. Escrevi um comentário que teve forte repercussão no Twitter: Se Bolso chamasse os filhos: 01, vc se meteu com Queiroz e é problema teu, vou vetar integral e que se dane; 02, a partir de hj vc está proibido de escrever nas redes sociais, só videogame; 03, cancelado o presente de aniversário, esquece embaixada. Aí eu chamava de MITO!
O que fez Eduardo Bolsonaro diante disso? Rebateu provando suas qualificações, que não incluem nem mesmo a língua de Shakespeare? Provou que não é favoritismo ou nepotismo? Nada disso! Ele preferiu me difamar, atacar o mensageiro para não ter de lidar com a mensagem. E fez isso com uma mentira escancarada, absurda, ridícula:
Reparem que ele não perguntou, ele afirmou. Mas quando eu rebati, ameaçando meter um processo nele, o deputado recuou e mentiu novamente, alegando que fizera apenas uma pergunta, e me acusando de ser “chorão”:
Eu respondi mais de uma vez, no entanto, o deputado preferiu fingir que não viu a resposta, e insistiu na mentira, jogando para sua plateia:
Não é difícil entender por que ele teve que fingir não ter visto a resposta. Foi essa aqui, uma delas:
Sobre a afirmação difamatória do deputado, que depois virou “pergunta”, eu tinha explicado logo em seguida ao seu primeiro post, e repeti várias vezes a resposta, que ele insistiu em dizer, no final da tarde, que eu não tinha dado:
Como fica claro, era impossível o deputado não ter visto alguma das minhas várias respostas, que foram diretas em seus posts em alguns casos. Logo, ele mentiu sobre minha carreira, para tentar manchar a minha reputação, e depois mentiu sobre eu não ter explicado ou respondido. Eduardo Bolsonaro é um mentiroso!
A postura, que é temerária em se tratando de um deputado, filho do presidente e talvez futuro embaixador nos Estados Unidos, ainda mais para tentar destruir a reputação de alguém que defende várias partes do governo e tem muitos amigos lá, que poderiam facilmente rebater as falácias divulgadas, foi duramente condenada nas redes sociais.
Bernardo Santoro, que já trabalhou em campanha com a família Bolsonaro e conhece de perto seu modus operandi, pois também já foi alvo de ataques pérfidos, comentou:
Minha manifestação nesse fim de dia é em defesa do meu amigo Rodrigo Constantino, que fora absurdamente atacado pelo Deputado Eduardo Bolsonaro por ter sido estagiário de uma grande empresa financeira pertencente a um banqueiro que depois ficou se sabendo ser um fraudador. Pouca gente tem como adivinhar se seu chefe é um fraudador ou não, e sendo um mero estagiário isso é impossível. Ele sequer continuou na empresa do tal sujeito ao se formar, indo trabalhar com o hoje Ministro Paulo Guedes. Constantino sempre foi um líder na luta contra o PT numa época em que muitos que hoje estão acastelados no governo Bolsonaro mamavam nas tetas petistas. Qualquer crítica pontual que ele faça ao Governo Bolsonaro deveria ser visto como uma crítica construtiva de alguém que está sim ao lado do Brasil. “Invencionices” contra pessoas de bem está se tornando rotina dentro da direita. E é um péssimo sinal.
Lucas Berlanza, diretor-presidente do Instituto Liberal, também condenou a postura do deputado:
Eduardo Bolsonaro parece não saber a diferença entre afirmar e perguntar. Ele postou sobre Rodrigo Constantino: “Em 13 de janeiro de 1999 dois bancos quebraram na desvalorização: o Banco Marka do “famoso” Salvatore Cacciola e o Banco FonteCidam, onde VOCÊ era o responsável pelas projeções econômicas”. Na verdade, Rodrigo tinha 23 anos naquela época e era estagiário de análise de empresas, não de análise econômica. Porém, o deputado, temendo um processo, mudou o discurso, alegando ter feito uma pergunta. Se alguém encontrar um ponto de interrogação nesse comentário, dou um pirulito. Não satisfeito, Eduardo ainda sugeriu uma associação de Rodrigo com o outro banco, o Marka, em que ele nunca trabalhou, e seu proprietário Cacciola, condenado por crimes contra o sistema financeiro. Acredito tanto nas afirmações e acusações de Eduardo quanto nas que fez sobre meu livro de estreia em 2017 ser uma peça de propaganda do PSDB. A assessoria incompetente do deputado, para dizer o mínimo, o está transformando em um profissional de mentiras. É uma excelente credencial para ser embaixador.
Helio Beltrão, do Instituto Mises Brasil, onde Eduardo, acredite se quiser!, fez um curso sobre Escola Austríaca, também saiu em minha defesa: “Edu errou feio e está injustamente convocando sua tropa para bater em um (ex)aliado, o Rodrigo Constantino, com base em informações falsas. A única coisa que cabe em um caso destes é um pedido de desculpas, que inclusive deve sair barato comparado com a alternativa”.
Mas é ilusão do meu amigo Helio. Eduardo não é do tipo capaz de pedir de desculpas, de demonstrar humildade, de reconhecer erros. Ao contrário: costuma dobrar a aposta, intensificar os ataques, espalhar novas mentiras.
E conta com um exército virtual bovino para dar suporte e aparência de que “venceu o debate”. Eles usam as táticas mais manjadas de seita: se você critica alguma liderança, então é “por inveja”; se você rebate alguma mentira de algum líder, então “sentiu”. Uma horda de fakes ou anônimos faz isso. Ou seja, não pode criticar, não pode rebater ou sequer responder. Sim, é postura de gado!
Outros preferiram a tática do “deixa disso”, criticando a “picuinha” ou “treta” nas redes sociais. Se o deputado mais votado do país, filho do presidente da República, e talvez futuro embaixador dos EUA (se os senadores não tiverem juízo) usa sua militância virtual para difamar um crítico construtivo com mentiras, o que faria com mais poder? Criaria um gulag para enviar seus adversários tratados como inimigos mortais?
Por fim, segundo a Folha, o almoço do playboy custou mais de R$ 4 mil após a visita “simbólica” à Casa Branca. Eram 7 pessoas. Parabéns a você, gado, que defende incondicionalmente a família. Imagino que deva gastar R$ 600 em cada rango, não? Eis aí a “nova era”…
Rodrigo Constantino
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