As democracias avançadas já chegaram à conclusão, faz tempo, de que o melhor modelo viável para tentar manter a inflação baixa é ter um banco central independente com metas de inflação oficiais determinadas pelo Congresso. É assim no mundo todo desenvolvido. Mas não no Brasil.
Na era FHC, o país se aproximou desse modelo, e o BC gozava de autonomia operacional. O que foi mantido durante o primeiro mandato de Lula, com Henrique Meirelles. Mas já no segundo mandato do Pixuleco, tivemos uma guinada rumo ao BC subserviente ao Planalto, um braço do Executivo. Alexandre Tombini durante o governo Dilma foi o ápice desse BC sem autonomia, apenas seguindo as ordens de cima. Deu nisso: inflação de 10% ao ano.
O projeto divulgado pelo PMDB tem cores mais liberais na economia, mas peca quando o assunto é BC. O partido não o quer com muita independência. Ilimar Franco comenta isso em sua coluna de hoje, mas dá uma escorregada inaceitável quando inclui Tombini na lista dos presidentes autônomos do BC:
Isso só pode ser uma piada! Se tem algo que o BC de Tombini não foi é independente, e todos sabem disso. Os liberais fizeram vários alertas. Basta ler as colunas de Alexandre Schwartsman na Folha ou meus textos no antigo blog da VEJA.
O BC de Tombini agiu claramente como “pau mandado” de Dilma, deixando a inflação ir embora porque a presidente assim desejava, acreditando que seria bom para o crescimento do país. É o que dá “aprender” economia com a turma da Unicamp…
Não sei bem qual era o currículo de Tombini antes da presidência do BC, e acho que era um tecnocrata de carreira sem muita expressão. A escolha de seu nome para presidir o BC se deu justamente por causa disso. Nenhum economista mais renomado e sério aceitaria o papelão que Tombini aceitou.
Ele pode ostentar agora no currículo o importante cargo de presidente do BC, o mesmo que economistas de peso como Gustavo Franco e Arminio Fraga ostentam. Mas o título, somente, não vale muito. Sua passagem pelo BC tem sido vergonhosa, exatamente pela falta de independência. Ilimar Franco simplesmente viajou na maionese com esse comentário absurdo. Fala sério!
Rodrigo Constantino