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Assinar revistas é coisa do passado: apoie profissionais liberais da informação
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Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal

A virada do século trouxe consigo uma inovação tecnológica que viria, após muita polêmica sobre desrespeito à propriedade intelectual, a libertar os consumidores de música da obrigatoriedade de adquirir álbuns inteiros de seus cantores favoritos — sem possibilidade de pagar por cada faixa avulsa.

Tudo começou com o ilícito Napster, progrediu para o download legalizado de músicas “no varejo” e culminou nos dias atuais, quando já é possível pagar uma mensalidade e ouvir tudo o que queremos— praticamente um all you can eat da indústria fonográfica.

Toda essa evolução foi turbinada pela insatisfação das pessoas diante da impossibilidade absolutamente incontornável (sem apelar para a pirataria, ao menos) de comprar apenas trechos específicos de CDs — o que permitiria, com o mesmo dinheiro, levar para casa apenas o melhor (na avaliação subjetiva de cada indivíduo) de cada artista.

A natureza sempre acha um jeito, e toda demanda tende a encontrar sua correspondente oferta cedo ou tarde. As novas gerações já estão crescendo sem saber que mundo era aquele onde a venda casada era a regra nas lojas de discos. Aliás, elas sequer tiveram a chance de adentrar um estabelecimento do tipo — os que existem hoje procuram atender ao público saudosista.

Os músicos, a seu turno, adaptados ao novo cenário, dão preferência ao lançamento de singles e atingem um número de admiradores outrora inimaginávelE todo mundo, uma vez ultrapassados os solavancos típicos da assimilação, acabou saindo satisfeito do outro lado do túnel.

Pois estamos todos, neste momento, presenciando uma metamorfose do mesmo gênero tomando lugar, desta feita no mercado da comunicação: tudo leva a crer que vender informação e opinião em pacotes (jornais ou revistas) é atividade comercial que não deve acordar para ver a luz do dia por muito tempo — e a internet, uma vez mais, é a grande força motriz desta mudança de paradigmas.

Os principais periódicos brasileiros, seguindo uma tendência planetária, perderam assinantes aos milhões nos últimos anos. Entrementes, produtores independentes de conteúdo intelectual amealham novos fãs e seguidores incessantemente — muitos destes, aliás, dispostos a coçarem o bolso para ter acesso ao material por aqueles disponibilizado.

É a mesmíssima lógica que provocou um cataclismo no meio artístico há pouco tempo, e agora promete desafiar o jornalismo a seguir o mesmo rumo: ninguém quer mais bancar o salário daquele comunista, digo, colunista mala, só para poder ler os artigos de seu escriba predileto que trabalha para a mesma publicação.

A relação custo-benefício é extremamente benéfica para os envolvidos na troca, mesmo neste estágio inicial do processo. Faça o teste: experimente cancelar a assinatura daquele folhetim (aproveitando que seu gato já aprendeu a usar a caixa de areia) e passe a apoiar alguns profissionais liberais do seu agrado neste ramo, por meio do Patreon ou outras plataformas de financiamento.

O resultado será o mesmo dispêndio de grana (ou menos) para patrocinar textos, vídeos ou podcasts que contribuem de fato com seu aprimoramento intelectivo, evitando desperdício de recursos com abobrinhas que costumavam vir de “brinde” das editoras.

O jornalismo tradicional, por óbvio, vai lutar com unhas e dentes até o último minuto contra esta onda dos novos tempos. Não vão vender barato sua tão estimada reserva de mercado por décadas usufruída.

Seus membros vão alegar que notícias que não contam com seu carimbo são fakenews — como se não fossem eles próprios os maiores propagadores de notícias falsas, muitas delas fabricadas sem contar uma única mentira (apenas omitindo, distorcendo ou torturando fatos até eles falarem o que corrobora suas narrativas);

Vão alertar que, procedendo desta forma, selecionando cronistas e jornalistas a la carte, corremos o risco de isolarmo-nos em uma bolha onde apenas nossa visão de mundo é confirmada — como se essa não fosse a maior característica da maioria dos veículos de comunicação, os quais rezam sempre a mesma cartilha sem dela desviar-se uma única linha;

Vão tentar limitar o alcance destes comunicadores da era moderna, instigando os gigantes do ciberespaço a suprimirem a veiculação de seu material — como fez o Facebook há algumas semanas quando alterou seu algoritmo para “ priorizar amigos e família”, e como Youtube, Google e Twitter, por meio de suspensões desarrazoadas e restrições de visualização impostas arbitrariamente, já deixaram claro que manobram.

Só que ninguém se importou se as gravadoras estavam felizes ou não com a revolução dos arquivos mp3. Da mesma forma, de pouco ou nada vai servir espernear contra esta nova maneira de saber e entender o que se passa no mundo. Aceitem que dói menos, como diz a sabedoria popular.

É claro que a maior prejudicada com este sinal dos tempos é a Esquerda, pois manter tudo como estava (leia-se: com repórteres doutrinados desde a faculdade monopolizando o setor) era de seu especial interesse no esforço de reescrever o passado, desestabilizar o presente e dominar o futuro.

Estranho, mas nem tanto: não são os marxistas aqueles que advogam a “socialização” dos meios de produção? Pois então: agora qualquer pessoa com um smartphone na mão pode virar empresário nesta área — desde que sua própria audiência confira-lhe tal status prestigiando seu trabalho. Deveriam eles comemorar estes novos ventos, portanto. Mas algo me diz que a proposta de “regulação da mídia” do Luiz Inácio deixa olhinhos brilhando nas redações Brasil afora.

Só que não tem jeito: quanto mais contribuições voluntárias os profissionais autônomos recebem, com mais independência passam a poder atuar, pois veem-se, gradativamente, livres dos grilhões do politicamente correto impostos pela turba “progressista” (mas reacionária quando lhe convém, como neste caso) cuja estrita observância costuma ser exigida por patrocinadores que ainda não entenderam que lucrar e lacrar até rimam, mas não combinam.

Não seria má ideia, portanto, se você decidisse, agora mesmo, tornar-se mecenas de, pelo menos, uma meia dúzia destes emissários e analistas emancipados, dando suporte a seus respectivos websites e projetos. Aproveite enquanto está (muito) barato. Vai ficar de fora dessa? Mas que careta, meu! Só falta voltar a fita girando ela na caneta…

Nota do blog: O autor levanta um ponto interessante, e vou além: acho que ainda vai surgir uma Netflix dos jornais. Por que pagar uma assinatura toda para levar um ou dois colunistas de quem você realmente gosta? É como comprar o CD inteiro por conta de duas faixas. A tendência parece ser essa mesmo. Mas, enquanto isso, abro uma exceção: a Gazeta, que, à contramão dos pares, viu a quantidade de assinantes aumentar, justamente porque reúne vários articulistas de direita e tem uma pegada mais conservadora em suas próprias reportagens e editoriais. Portanto, assinem a Gazeta, e podem se tornar meus “patronos” diretamente também. Assim estarão garantindo conteúdo bom de verdade e ajudando na causa por um Brasil mais próspero e livre.

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