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Até mesmo esquerdistas perceberam que intolerância em universidades é incompatível com a liberdade
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Fareed Zakaria é um crítico freqüente e duro do presidente Trump, mas mesmo ele teve de admitir a intolerância esquerdista com vozes conservadores como sendo uma epidemia crescente e hipócrita: “Tive a honra de fazer o discurso inaugural em Bucknell este ano. Mas em Notre Dame, onde o vice-presidente Mike Pence fez seu discurso, as cerimônias foram interrompidas por cem estudantes que viraram as costas para Pence e saíram em protesto”.

“Algumas semanas antes a Secretária de Educação Betsy Devos foi vaiada enquanto fazia seu discurso na universidade de Bethune-Cookman”, ele disse. “As universidades americanas esses dias parecem estar comprometidas com todo tipo de diversidade – exceto diversidade intelectual”, ele acrescentou. “Vozes e pontos de vista conservadores, já uma minoria sitiada, estão sendo silenciados inteiramente”, apontou.

“A polícia do pensamento do campus foi atrás de pensadores conservadores sérios como Sarah MacDonald e Charles Murray”, explicou, “bem como dos polêmicos Milo Yiannopoulos e Ann Coulter. Alguns foram desconvidados, outros vaiados, interrompidos e intimidados”.

“É estranho que isso esteja acontecendo nos campi universitários que prometiam dar uma educação liberal para alunos de graduação”, Zakaria continuou. “A palavra liberal nesse contexto não tem nada a ver com a linguagem partidária de hoje, mas refere-se à raiz latina, pertencente à liberdade. E no coração da liberdade no mundo ocidental tem-se a liberdade de expressão. Desde o início, as pessoas entendiam que isso significava ouvir e proteger o discurso com o qual você discordava”.

“A liberdade de expressão e de pensamento não é apenas para pensamentos mornos, distorcidos que consideramos confortáveis. É para ideias que julgamos ofensivas”, disse Zakaria.

“Há, como todos sabemos, uma espécie de anti-intelectualismo na direita nestes dias. A negação dos fatos, da razão, da ciência. Mas há um anti-intelectualismo também à esquerda. Uma atitude de correção que diz que somos tão puros, que somos tão moralmente superiores, que não podemos suportar ouvir uma ideia de que discordamos”. “Liberais pensam que são tolerantes, mas frequentemente não são”, concluiu.

Os protestos em universidades parecem ter aumentado em número e rancor, especialmente na era Trump depois de tantos progressistas acreditarem que ganhariam a eleição. Mas, recentemente, até mesmo alguns da esquerda começaram a questionar se os protestos violentos são proporcionais ao oponente político que eles estão condenando.

Essa postura de intolerância é típica de jovens mimados, que se julgam os detentores do monopólio das virtudes, e se mostram incapazes de conviver com o contraditório, de debater ideias de forma civilizada. E o mais grave é que eles são alimentados por professores, por formadores de opinião, pela própria imprensa. É bom sinal que até mesmo ícones esquerdistas tenham se dado conta do descontrole da situação. Antes tarde do que nunca, se não for tarde demais…

Rodrigo Constantino

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