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Audiência de “JN” despenca: seria problema de forma ou de conteúdo? Ou: Deem à direita uma chance!

Muitas coisas chocam um brasileiro quando ele vai morar nos Estados Unidos, conforme tenho relatado aqui. Mas uma delas chama a atenção e merece maior destaque: a Fox News. Sintoma ou causa, o fato é que a existência de um canal de TV como a Fox, com a audiência impressionante que ela tem, é uma espécie de garantia de que os americanos não vão viver numa republiqueta bolivariana. Apesar do Obama.

Muitos consideram a CNN “moderada” ou “neutra” e a Fox enviesada, de direita. Isso já é resultado da lavagem cerebral. A CNN tem claro viés de esquerda, e a Fox, sim, tem viés conservador. Mas faz jornalismo de boa qualidade, e mais do que isso: detona com fatos e argumentos as ladainhas populistas do lado de lá, sem sonegar do telespectador o direito ao contraditório (até hoje não entendo como os esquerdistas aceitam participar das entrevistas, em que acabam invariavelmente massacrados).

Disse não saber se a Fox é causa ou efeito, pois parece um caso de simbiose. Por conta da mentalidade mais conservadora dos americanos, a Fox tem um “nicho” de quase metade da população. Mas ela também ajuda a disseminar os valores dos “pais fundadores” e, com isso, preservar essa cultura liberal-conservadora. Ela dá voz a uma multidão, e ajuda a atrair mais gente para o lado direito.

Não há nada sequer parecido no Brasil. Sim, a esquerda radical acusa a TV Globo de ser “golpista”, “ultra-conservadora” etc, mas qualquer pessoa que não se alimente de quatro ri dessa acusação. Nem vou falar das novelas, com mensagens ultra-progressistas. Falemos do “Jornal Nacional” (JN) mesmo: alguém acredita que ele tenha um viés de direita de fato? Só quem não sabe o que é direita ou nunca viu a Fox News!

A audiência do “JN” está em queda-livre. Ele já perde para a Record em três regiões do país. Pode ser algum fenômeno temporário? Pode ser um ponto fora da curva? Pode, claro. Mas também pode ser um despertar da direita brasileira que a emissora da família Marinho não se deu conta ainda. O público quer uma mensagem diferente. Está cansado do politicamente correto, do viés “progressista”, das bandeiras de esquerda.

A Globo parece crer que o problema é mais de forma que de conteúdo. Recentemente, colocou até William Bonner de pé, como se isso fosse mudar alguma coisa. Meu amigo Alexandre Borges fez uma análise dura, porém realista da situação. Ele começa lembrando que a Fox News e o WSJ são ambos de direita e possuem a maior audiência de televisão e jornal do país. “Ah, mas nos Estados Unidos é diferente”, você dirá. E ele responde:

Qual é a revista mais vendida do Brasil? VEJA. Qual é o blogueiro de política mais lido?Reinaldo Azevedo. Quem é o líder na rádio de São Paulo? Pingos nos Is, dele mesmo. De quem é o talk show que encerrou a carreira do Jô Soares? Danilo Gentili.

Qual era o partido político com mais seguidores nas redes sociais até a eleição do ano passado? Partido Novo! E o registro nem [tinha saído] ainda! Os livros de direita são campeões de venda, com destaque para “O Mínimo”, do Olavo de Carvalho com o Felipe Moura Brasil, que vendeu uma quantidade estonteante e ainda vende bem mesmo quase dois anos depois de lançado. [Acrescento humildemente o meu Esquerda Caviar a essa lista, com mais de 60 mil exemplares vendidos].

O filme mais popular do país dos últimos tempos? A história de um policial durão e incorruptível que mata traficantes e culpa o usuário pelo tráfico. Já “Babilônia” tem um resultado tão desastroso que já foi encurtada.

Os grandes jornais, pasteurizados e parecidos, vendem uma quantidade ridícula se comparada ao tamanho da população do país. Como não há uma VEJA entre os jornais, todos patinam.

Será que nenhum desses indícios, nada disso, sugere aos iluminados da Globo que o problema não é exatamente de forma, mas de conteúdo?

Não tem uma única pessoa que ao menos pense que suavizar escândalos do governo, sugerir que só falta água em São Paulo porque Alckmin quer matar os pobres, tratar Israel como terrorista e islâmicos como vítimas, jurar que todo negro americano que morre é por causa do racismo, defender maioridade penal de 18 anos, achar que as ciclofaixas do Haddad transformaram a capital paulista em Amsterdã, que Bolsonaro é a reencarnação de Hitler, que mais governo na economia é “estímulo” e que inadimplência é “ótima oportunidade para renegociar as dívidas”, não está mais funcionando? Não dá mesmo para perceber que o público está de saco cheio de tudo isso e que com Facebook, Twitter, Netflix, YouTube, Apple TV, mais de cem canais de TV por assinatura, se você não for relevante vai ser solenemente ignorado?

Enquanto o jornalismo brasileiro não voltar a fazer jornalismo, âncoras vão andar, correr, pedalar, plantar bananeira, mas a população vai continuar buscando informação nas redes sociais e esperando que um dia ela seja lembrada pelos especialistas.

Se o JN continuar com o mesmo tratamento pasteurizado, edulcorado e politicamente correto do noticiário, Mark Zuckerberg vai ficar cada dia mais rico e rindo à toa.

“Pare de reclamar e vá trabalhar, o povo é de direita.”

O povo é de direita. Pesquisas apontam o viés mais conservador da população brasileira. Mas nada disso é representado nem na política, nem na mídia. Há um claro abismo entre o que a maioria pensa e quer e o que os políticos e jornalistas pensam e mostram. Quem vai preencher essa lacuna? Onde está a Fox News brasileira?

Entendo que remar contra a maré vermelha, especialmente num país como o Brasil, cujo governo controla metade do PIB e leis arbitrárias, não é fácil. Mas quem conseguir atender a essa demanda reprimida estará não só fazendo muito pelo país, como terá excelente retorno financeiro.

Rodrigo Constantino

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