Brasileiro realmente adora atacar os sintomas, nunca as causas dos problemas. Somos como aquele marido traído que pega a esposa no sofá com um amante e decide se livrar do móvel para combater o adultério. Pouco racional, para dizer o mínimo. Lembrei da analogia quando vi que o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central estão sendo “fritados”, sob pressão de todo lado. Meirelles e Ilan Goldfajn não mostraram serviço, alegam seus críticos, e a taxa de juros poderia ter caído em ritmo mais forte.
Como resposta, fala-se em um novo “pacote”, ou em medidas pontuais microeconômicas para ajudar a destravar os investimentos. Tudo muito desejável, claro. Mas que tal a gente não fugir do cerne da questão dessa vez, para variar um pouco?
Vejamos o caso dos juros, um dos mais impactantes no orçamento. Como ser contra uma redução maior? Mas alguém acha mesmo que basta voluntarismo aqui? Não foi exatamente o que fez o governo Dilma, com consequências terríveis?
Estamos como o cachorro que corre atrás do próprio rabo. Precisamos cortar os gastos com juros e aliviar o custo dos investimentos, mas ao mesmo tempo não podemos fazer isso sem antes cortar os gastos públicos, caso contrário teremos mais inflação. A sensação que dá é a de que muitos estão esperando um milagre. Compreende-se a impaciência: a devastação econômica foi brutal, e o PT nos legou 12 milhões de desempregados. Não há tempo a perder.
Mas sem acertar o foco, teremos apenas frustrações, buscando bodes expiatórios no processo. Culpa do Meirelles! Culpa do Bacen! Se ao menos colocássemos alguém mais ousado no comando da economia…
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Rodrigo Constantino
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