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Baltimore: tensão racial é fruto do coletivismo
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As cenas em Baltimore são alarmantes: caos, anomia, “protestos” contra a polícia que se traduzem em um campo de batalha. Em meio às imagens, retratadas pelos jornais como uma luta de vítimas negras contra policiais brancos, vemos um policial negro. E agora? Como encaixá-lo na narrativa racial?

Que os Estados Unidos possuem uma segregação racial, isso ninguém contesta. A lei antiga da gota de sangue era claro sintoma do racismo enraizado na nação, uma mancha no histórico de amplas liberdades individuais. O término da escravidão, diga-se de passagem, foi obra de liberais ou conservadores religiosos, como os quacres, que defendiam princípios e valores individualistas.

Negros escravizaram negros também, brancos cristãos foram escravos dos otomanos, mulatos foram donos de escravos no Brasil mesmo, e a escravidão foi uma prática nefasta que acompanhou a humanidade por séculos, milênios (e ainda existe em alguns locais). Foi o Ocidente liberal que colocou fim nessa instituição abjeta. Muitos usaram a Declaração de Independência dos Estados Unidos como argumento pela igualdade de todos perante as leis.

Diante desses fatos históricos, é realmente lamentável observar o recrudescimento do racismo, da divisão da população com base na cor da pele, característica que nada diz sobre o caráter, a personalidade, a “alma”. Mas receio que os movimentos raciais tenham muito a ver com isso. São eles que, na largada, dividem o mundo entre pretos e brancos.

Vejamos o caso de Baltimore: um negro com um canivete teria sido arrastado por policiais para uma van e depois acabou morrendo. Eis os fatos. E eis como a narrativa racial os enxerga: um negro foi vítima do ataque de brancos. Quem era o negro? O que ele fazia? Por que os policiais agiram assim? E quais as punições adequadas para esses policiais, se realmente ficar configurado o crime de abuso de poder?

Nenhuma dessas perguntas interessa aos racialistas. Eles precisam ver somente oprimidos e opressores, e os negros serão sempre os oprimidos, e os brancos os opressores. É um discurso simplista, reducionista, com claro viés marxista, e equivocado. O mundo complexo não sabe nessa visão simplista. Mas quem liga para os fatos? Quem liga para a complexidade do mundo real?

O policial negro que era atacado pela população de Baltimore entra em qual lado? Ele é um traidor dos negros, por agir em defesa da lei e da ordem? Para muitos racialistas, sim, ele é exatamente isso. Só haveria espaço para um negro, então, ao lado dos revoltados, dos revolucionários, daqueles que atiram pedras e tacam fogo nos policiais. Essa postura ajuda os próprios negros? Ajuda o império das leis? Ajuda aquela desejada igualdade de todos, pilar fundamental da experiência liberal americana?

Rodrigo Constantino

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