Já escrevi vários textos em defesa de um Banco Central independente, para que fique relativamente blindado da politicagem. É com incrível animação, portanto, que vejo o futuro ministro da Fazenda endossar essa bandeira como uma das mais importantes. Paulo Guedes tem defendido a importância de seguir nessa direção, um avanço institucional que colocaria o Brasil mais perto da realidade dos países desenvolvidos. Nesse vídeo de meia hora, Paulo Guedes dá uma aula de economia, e foca justamente no Banco Central:
Em artigo publicado hoje no GLOBO, Gustavo Binenbojm fez um ótimo resumo das vantagens de um BC independente, em linguagem didática e acessível. Eis um trecho:
O que a sociedade ganha com isso? A política de juros, essencial para o controle da inflação, fica protegida de pressões políticas imediatistas, permitindo-se que as medidas mais adequadas sejam adotadas, ainda quando impopulares no curto prazo. Governos populistas costumam financiar a expansão de seus gastos com inflação, sendo essa mais uma razão para tratar-se a autoridade monetária como instituição de Estado. Além da vacina contra o populismo, o descolamento do processo eleitoral põe a estabilidade da moeda em patamar seguro, a salvo da insegurança e dos sobressaltos dos períodos de transição entre governos. Por fim, a supervisão e a fiscalização do sistema bancário, voltadas ao controle de riscos sistêmicos, ganham maior credibilidade com a autonomia técnica, fortalecendo a economia do país como um todo.
Esse desenho institucional não ignora problemas de conflitos de interesses, informação privilegiada ou o risco de captura da agência por interesses privados. Por isso, a autonomia deve vir acompanhada de medidas de accountability, como auditorias externas, prestação de contas e responsabilização dos dirigentes.
A democracia é um regime de governo que combina soberania popular, proteção de direitos e gestão técnica de problemas complexos. Para um governo acusado de autocrático antes mesmo de ter início, delegar poder para técnicos e reduzir a discricionariedade política na gestão da economia é, também por isso, medida alvissareira.
A estabilidade da moeda é uma das grandes conquistas dos países mais avançados, lembrando que historicamente o que tivemos foi o abuso do mecanismo da inflação por autoridades. Por outro lado, a desvalorização da moeda sempre esteve ligada a crises políticas graves, bastando pensar na República de Weimar antes de Hitler subir ao poder e na Venezuela atual.
Paulo Guedes sabe da enorme relevância de um Banco Central independente para controlar a inflação. Tomara que consiga aprovar essa medida, que seria um ganho institucional extraordinário para o Brasil. #DeixaoHomemTrabalhar!
Rodrigo Constantino
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Ataque de Israel em Beirute deixa ao menos 11 mortos; líder do Hezbollah era alvo
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS