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Barbeiragens da política econômica. Ou: O sapo está quase esturricado

Hoje foi publicado um artigo no GLOBO do economista Rubem de Freitas Novaes, que endossa o alerta já feito por seu colega de Chicago, o também economista Paulo Guedes, mas com um prognóstico diferente. Ambos compreendem que, se os rumos da atual política econômica não mudarem, o Brasil irá se chocar inexoravelmente em um muro ali na frente. Mas enxergam resultados diferentes por conta desse choque. Diz Novaes:

Aqui no Brasil, a equipe econômica, comandada pela “presidenta”, tem adotado o que ficou conhecido como “a nova matriz econômica”, uma combinação de heterodoxias concebida em nossos piores ambientes tecnoideológicos. Em síntese, esta”nova matriz” consiste de uma política fiscal frouxa, juros baixos, crédito farto e subsidiado nos bancos públicos, câmbio desvalorizado e proteção tarifária para estimular a indústria nacional. Não fosse a rebeldia do Banco Central, elevando os juros básicos, a “matriz” estaria intacta até os dias de hoje.

Pois bem, a nova política foi anunciada com pompas, mas, infelizmente, seus resultados, já decorridos 3 anos do governo Dilma, são os piores possíveis. Seja no crescimento econômico, seja nas contas correntes com o exterior, seja no terreno da inflação, seja na geração de emprego, seja no que fizeram com nossas contas públicas, desestruturando-as completamente, as coisas andam tão pretas que Paulo Guedes, escrevendo para O Globo, ousou dizer: “ou muda a política da equipe econômica, ou Dilma muda a equipe econômica, ou o país muda de presidente”.

Síntese perfeita. O nacional-desenvolvimentismo do governo Dilma fracassou, como tinha de ser. Ele está fadado ao fracasso, pois é péssima economia, ignora as leis de mercado, a natureza humana, todo o conhecimento que os economistas acumularam ao longo das últimas décadas. É insistir no erro, em um enorme equívoco ideológico. Rubem Novaes finaliza com a metáfora do sapo escaldado:

É da sabedoria popular a história do sapo na panela. Segundo a fábula, se jogarmos o sapo na água fervente ele salta e se salva. Mas, se a água for esquentando aos poucos, o sapo vai se acostumando e acaba cozido. Nossos governantes de esquerda conhecem bem esta fábula e nunca adotarão medidas extremas tipo estatização do sistema bancário ou congelamento generalizado de preços. Seriam dramáticas demais e causariam forte reação. Também não acho que o sapo morrerá. Mas, considerado o viés da cúpula econômica do governo e o nosso atual quadro político, parece-me que a hipótese de paulatina “argentinização” da economia brasileira é mais provável que qualquer uma das hipóteses radicais de Guedes. A água ainda vai esquentar por muito tempo.

Tendo a concordar. Gostaria de crer que o prognóstico de Paulo Guedes está correto, que o eleitor brasileiro não mais tolerará tanta incompetência e um resultado tão medíocre. Mas tenho sérias dúvidas. Adoraria ser tão otimista assim. Mas logo depois lembro da Argentina. Lembrança importante a todos aqueles que desejam até uma reeleição de Dilma, para que ela sofra as consequências do desastre de sua política econômica.

Cuidado! A Argentina, assim como a Venezuela, já é um desastre econômico total, mas o poder continua nas mãos dos bolivarianos. Nesses países, os sapos já ficaram esturricados. Será que o povo brasileiro será mais sábio?

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