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É impressão minha ou a cada retorno ao Rio encontro uma “cidade maravilhosa” cada vez pior? A coisa está virando bangue-bangue. Ia eu ao Centro hoje resolver um problema – o que já é algum castigo divino por pecados antigos, só pode – quando escuto que houve uma execução em frente ao Colégio Santo Agostinho, na Barra, onde estudei minha vida toda e onde minha filha estudava. Eis a notícia:

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Um homem foi assassinado a tiros, na manhã desta quarta-feira, na Rua Rino Levi, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Segundo as primeiras informações da polícia, Miguel Angelo Santos Jacob, de 57 anos, estava num Chrysler prata parado em frente ao Colégio Santo Agostinho quando um suspeito numa moto e com uma mochila passou pelo local e abriu fogo. Joana D’Arc Batista, de 40 anos, também estava no carro e ficou ferida. O assassino fugiu.

Joana, que levou pelo menos dois tiros nas pernas, foi levada para o Hospital municipal Lourenço Jorge, também na Barra. Ainda não há informações sobre o estado de saúde dela. Miguel havia acabado de deixar o filho na escola quando ocorreu o crime.

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Em maio do ano passado, Miguel Ângelo foi condenado a 11 anos de prisão por participar de um esquema de venda de medicamentos para câncer falsificados. Outros três acusados também foram condenados pelo crime. O remédio falsificado pelo grupo era o Glivec, usado no tratamento de leucemia. A caixa do medicamento custa mais de R$ 10 mil. O remédio falso não possuía o princípio ativo do verdadeiro, podendo até mesmo colocar os pacientes em risco.

Que um crápula desses, que vendia remédio falsificado para doentes com câncer, merecia morrer, isso não se discute. Mas dessa forma? Aí virou faroeste caboclo, terra de ninguém. Isso ocorre pois não há mais Justiça, apesar do que diz Marco Aurélio Mello, do STF. A sensação de impunidade é total, e cada um resolve fazer justiça com as próprias mãos. É a falência das instituições republicanas. O Rio – como o Brasil – está entregue às traças.

Uma execução em frente a uma escola cheia de crianças, e o carioca nem se espanta mais, acha tudo normal. Não é! Uma bizarrice dessas iria parar qualquer cidade americana, seria chamada de capa de todos os jornais, o mundo viria abaixo. No Rio tudo parece aceitável, pois banalizamos o absurdo. Estamos como a Colômbia da época de Pablo Escobar, como na série “Narcos”. Somos praticamente uma Venezuela chavista.

Mas nem nos importamos tanto. Temos a praia, afinal. O que é uma execução básica durante o dia na saída de uma das mais tradicionais escolas do país? Calma que não acabou: temos esse caso de legítima defesa de um justiceiro também:

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Um taxista atropelou dois ladrões após ter sido vítima de assalto, na madrugada desta quarta-feira, na Avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. O crime aconteceu próximo à estação do BRT Via Parque.

De acordo com o taxista, os criminosos, que estavam em uma motocicleta, apontaram a arma na sua direção e roubaram dinheiro e celular. Após entregar os pertences, o motorista acelerou e atingiu a moto em que estavam os assaltantes. Ela foi arrastada por cerca de 800 metros.

Os bandidos ficaram feridos e estão internados, sob custódia, no Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra. A arma usada por eles era falsa.

E me perguntam porque fui para a Flórida?! Pois não aguentava mais ficar num lugar que encara esse tipo de barbárie como algo normal, do cotidiano, enquanto tantos artistas engajados e “intelectuais” defendem o socialismo, os bandidos como “vítimas da sociedade”, e cospem na polícia, como se fosse ela a “fascista”. O Rio é o caos. A Barra está pesada mesmo. O carioca vive numa selva totalmente sem lei. Ou melhor: tem a Lei Seca, que é para ferrar o sujeito decente que quer apenas beber uma taça de vinho no jantar.

Mas calma que nem tudo é desgraça aqui. Temos a ginga do “malandro”, os descolados que curtem um choppinho no bar com chinelos, achando-se os “espertos” porque economizaram alguns reais parando o carro com o flanelinha ilegal e chamam os paulistas de otários porque trabalham demais. Somos a capital nacional da esquerda caviar, temos todos os artistas globais cruzando com a gente por aí, demos à Heloiza Helena a maior votação do Brasil. Querem mais o quê, ora?

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Lamento muito pelo nosso fracasso, pelo que poderíamos ser, mas definitivamente não somos. Contando os dias para regressar à civilização, e agradecendo toda hora antes de dormir por minha filha estudar numa escola pública de Weston, que os “intelectuais” consideram um ambiente potencial de guerra constante, imbuídos do sensacionalismo de Michael Moore e companhia.

O Rio é mais seguro, com certeza, pois o desarmamento ocorreu apesar do plebiscito. Vai nessa…

PS: Para ir ao Centro, além da agressão estética, é preciso perder horas no trânsito caótico da cidade. Percorre-se o dobro de quilometragem pela metade do tempo em Miami. Mas é porque teremos Olimpíadas, claro. E vamos celebrar o prefeito que mais investiu em transporte, o mesmo que bajula Lula, apesar de o acusar de ter “alma de pobre” por não ter comprado um sítio em lugar melhor, e também um governador que fica defendendo Dilma, como se fossem o Shrek e a Fiona (segundo o próprio “amigo” prefeito). É dureza!

Rodrigo Constantino