O espaço do editorial do GLOBO de hoje foi dedicado ao “debate” sobre doutrinação ideológica no ensino brasileiro, mas a total ausência do lado direito mostra bem como ocorre o “diálogo” na imprensa: normalmente é uma disputa entre as esquerdas.
O próprio jornal adotou a postura mais razoável, da esquerda civilizada, mas não sem fazer concessões absurdas, como tratar PT e PSDB como antagônicos do ponto de vista ideológico ou falar em uma “batalha” de ideologias, em vez de admitir que há simplesmente doutrinação comunista e esquerdismo hegemônico.
Já o direito ao contraditório foi dado a uma parlamentar petista, defensora do modelo doutrinário e que chamou o projeto Escola Sem Partido de “obscurantista”. O jornal banca o “isentão” dessa forma, mas o leitor fica sem saber que há uma visão alternativa, que condena tanto o extremismo de esquerda como a visão tucana do jornal.
O editorial conclui que é preciso deixar a batalha ideológica de lado e focar na baixa qualidade da educação, como se esta não fosse o resultado direto da doutrinação comunista presente nas escolas e universidades:
E o resultado até agora é preocupante. Estabeleceram-se objetivos por períodos. E eles não têm sido atingidos à medida que se avança no fundamental e chega-se ao ensino médio. Neste, a crise é grave. Apesar do proselitismo que cresce nesta época pré-eleitoral, as vitórias e derrotas são compartilhadas por PSDB e PT.
Mas aprovou-se no Congresso uma reforma do ensino médio na direção correta, para que o estudante, ao sair do fundamental, já escolha uma área de interesse, incluindo o ensino profissionalizante. Espera-se reduzir as altas taxas de evasão. Além do mais, está em construção um currículo nacional, a fim de que haja um mínimo de equivalência entre o que é ensinado em todo o país, sem engessar professores e negar características regionais.
O debate político-ideológico, pela natureza da atividade educacional, jamais cessará. Pede-se é que haja um compromisso de todos com o que interessa: acabar com a baixa qualidade da educação.
O compromisso que aceitamos é um só: o fim da doutrinação comunista! Nossas escolas foram tomadas por militantes disfarçados de professores, justamente o que o Escola Sem Partido veio tentar mudar. E por isso é alvo de tanto ataque por parte dos próprios comunistas. Como fez a petista convidada para expor sua visão no jornal, deputada pelo PT mineiro, Margarida Salomão:
Se nesse cenário de guerra identificamos a movimentação obscurantista dos “partidários” da “Escola Sem Partido”, mais o clamor (vitorioso na Base Nacional Comum Curricular — BNCC) dos que se opõem à discussão da categoria de gênero na escola, a algaravia pode nos aturdir e prejudicar a compreensão do processo que está em curso.
Uma parte disso é a promoção a ferro e fogo de uma concepção comercial da educação: desde a oferta de cursos superiores no tom liquidacionista das Black Fridays (por conta da alta dos juros do Fies e consequente queda da demanda) até fusões e vendas entre megaempresas de educação que, de forma oblíqua e dissimulada, podem tornar a Ambev uma grande “produtora” de vagas de cursos de Medicina, vagas que serão depois anunciadas com a eficácia mercadológica de quem mais vende cerveja no mundo.
Essa desconstrução da Constituição de 88, a perversão do direito à educação cidadã, laica e universal, transformada em mercadoria barata ou fina, é parte prioritária do movimento do governo. Sua plena compreensão requer, entretanto, que todas estas iniciativas sejam inscritas na onda de radicalização neoliberal que, no mundo, elege como sua inimiga a democracia.
Concepção “comercial” da educação? Ensinar língua correta, matemática e noções básicas de finanças: eis o que essa gente considera a visão “mercadológica” do ensino. Eles querem continuar doutrinando mesmo, enfiando comunismo goela abaixo dos alunos, ensinando “ideologia de gênero”, tratando Marx como profeta e ignorando seu retumbante fracasso, transformando escolas e universidades em diretórios do PSOL e máquina de produção de papagaios socialistas.
Vejam o que o “obscurantista” Miguel Nagib, por trás do Escola Sem Partido, tem a dizer sobre essas investidas contra o projeto:
O Escola Sem Partido quer acabar com a doutrinação ideológica para proteger o aluno, enquanto a esquerda quer no máximo falar em “batalha ideológica”, quando não pretende defender de forma escancarada a pura doutrinação comunista mesmo. É complicado…
Rodrigo Constantino
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