Você perguntaria para um técnico que levou o time da primeira para a segunda divisão quais são suas táticas e sua visão sobre o futuro do futebol, sem nem sequer mencionar seu evidente fracasso na prática? Pois é. Por algum motivo estranho, nossos jornalistas continuam dando holofote e espaço para economistas que só acumulam fracassos em seus currículos. E nem ousam confrontá-los com suas previsões passadas. É como se elas não existissem!
Luiz Gonzaga Belluzzo é um caso curioso, pois ele consegue somar os fracassos tanto no futebol como na economia. Não dá uma dentro. Aplaude medidas inflacionistas, sob a crítica de economistas liberais sérios, e depois que elas produzem apenas crise, ele finge que não defendeu nada daquilo. E ainda aponta para a fase de ajuste como a causa dos problemas. Ou seja: o erro foi o técnico ter que dispensar o “craque” do time quando caiu para a segunda divisão, e não ter chegado lá para começo de conversa.
É um espanto! A cara de pau desses economistas ligados à escola “desenvolvimentista” da Unicamp é incrível: eles têm a pecha de não só insistir em novas previsões e análises, sem um só “mea-culpa” sobre os erros passados, como invertem tudo para condenar a ortodoxia pelos problemas que suas medidas inflacionistas geraram. Nessa entrevista ao Estadão, Belluzzo culpa o “ajuste fiscal” (qual mesmo?) pela severidade de nossa crise. Sério!
Agora, reparem que a entrevista não foi para o Brasil 171, tampouco para a Carta Social, ou então para a Caros Inimigos. Foi para o Estadão! E o jornalista, que atende pelo nome de Ricardo Leopoldo, foi incapaz de fazer uma só perguntinha sobre os efusivos aplausos que Belluzzo dava ao governo Dilma antes, quando os liberais já previam a catástrofe que se abateu sobre o país, como resultado dessas medidas.
Que jornalista é esse que não tem interesse algum em confrontar o “especialista” com seus claros equívocos, preferindo apenas saber o que ele pensa daqui para frente? O leitor desavisado pode pensar se tratar de um grande sábio da economia, cujas opiniões são fundamentais para antecipar o futuro. Mas caramba! Se no passado recente tudo que esse “sábio” disse se mostrou errado, como dar tanta trela para ele agora, sem nem questionar por que errou tanto?
Percebem a origem dos nossos problemas? Temos uma legião de “especialistas” que só erram, mas não são punidos por isso, pois contam com a conivência de jornalistas que se recusam a fazer um trabalho jornalístico de verdade, cobrando explicações pelos erros passados. O Brasil cansa, pois idolatra o fracasso. Ninguém tem boa memória. Todos sofrem de amnésia crônica. Os mesmos de ontem, que recomendaram práticas que quebraram o país, posam de analistas sérios e preparados hoje, capazes de prever o futuro.
Eu, que ao contrário desses “keynesianos de quermesse” antecipei a lambança toda que o PT inflacionista fazia em nossa economia, vou arriscar outra previsão agora: o Brasil não corre o menor risco de dar certo enquanto esses mesmos economistas “desenvolvimentistas” de sempre gozarem de prestígio e espaço na imprensa, apesar de terem quebrado o país uma vez mais.
Rodrigo Constantino