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Benjamin Steinbruch não consegue reduzir dívida da CSN, então quer reduzir juros na marra

Uma das maiores confusões existentes por aí é a de que empresários são sempre capitalistas liberais. Não necessariamente. Ou poderíamos dizer: quase nunca! Especialmente quando se trata dos grandes empresários.

Raros são os casos de grandes empresários que realmente defendem o livre mercado. A maioria prefere usar o prestígio e a influência para se aproximar do poder e criar barreiras aos potenciais concorrentes ou obter privilégios, como subsídios.

A Fiesp, portanto, não deve ser associada ao liberalismo. E Benjamin Steinbruch, da CSN, tem sido alvo constante de críticas aqui no blog. O motivo é simples: o empresário, que defendia até o PT, é o “homem de uma nota só”.

Para ele, todos os problemas do Brasil serão resolvidos se o governo reduzir a taxa de juros na marra. Foi o que fez Dilma, sob seus aplausos. Deu tudo errado, claro, conforme nós liberais alertamos. Mas o empresário finge que nada aconteceu, e insiste utilizando seu espaço na mídia para pregar de forma insana o mesmo remédio fracassado.

Ao ler a notícia no Estadão, de que a CSN não vendeu os ativos para reduzir seu elevado endividamento, conforme tinha acordado com credores, e que agora precisa renegociar uma rolagem de bilhões com os bancos, tudo fica mais transparente, não? Diz a reportagem:

Três anos após firmar acordo para vender importantes ativos, como contrapartida para a renegociação de débitos, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), de Benjamin Steinbruch, voltou a conversar com bancos públicos e privados. Mesmo sem ter se desfeito dos principais negócios, a companhia está conseguindo abrir espaço para renegociar as dívidas que vencem entre 2018 e 2020.

Já no início do ano que vem, a siderúrgica precisa pagar R$ 5,6 bilhões, dos quais R$ 4,1 bilhões para seus principais credores, Banco do Brasil e Caixa. A CSN deve a esses dois bancos cerca de R$ 10 bilhões que vencem até 2020. O grupo quer empurrar as obrigações para 2021 e 2022, apurou o Estado.

Os bancos públicos são o ponto nevrálgico das novas renegociações. Segundo fontes, as conversas com credores privados – como Bradesco e Itaú, além de detentores de títulos (bondholders) – não encontram resistências. Ainda que a CSN já tenha se sentado à mesa com BB e Caixa, as instituições fazem pressão sobre a empresa de Steinbruch, que desde o terceiro trimestre de 2016 não recebe aval da auditoria Deloitte para divulgar balanços de resultados.

[…]

Com dívida líquida de R$ 26 bilhões no terceiro trimestre de 2016, a CSN não consegue gerar receita suficiente para pagar seus débitos. Para esticar os vencimentos, a siderúrgica precisa, além da autorização da Deloitte, mostrar estratégia convincente para reduzir seu endividamento. Entre julho e agosto, as agências de classificação de risco Standard & Poor’s e Moody’s rebaixaram a nota da companhia. Ambas citaram a falta de divulgação dos resultados e de definição sobre o endividamento. 

Em suma, falta transparência, e falta caixa. Sobra dívida, especialmente com bancos públicos. Como não se aproximar do governo, não é mesmo? Com a “amizade com o rei”, as dívidas podem ser postergadas ad infinitum. E com a pressão na mídia e por meio da Fiesp, o governo, que controla o Banco Central, poderia marretar a taxa de juros para baixo artificialmente.

“Mas isso gera inflação, Rodrigo”. Sim, eu sei. Mas nós também sabemos que a inflação é um processo político de transferência de riqueza, normalmente beneficiando os “amigos do rei”. Seria terrível para o Brasil ter um Bacen politizado, como na era petista, manipulando a taxa de juros não de olho na inflação, mas na politicagem.

Só que seria fantástico para a CSN, toda endividada, e também para Steinbruch, seu acionista. Compreender isso é fundamental para saber que nem sempre – ou quase nunca – os grandes empresários estarão defendendo o livre mercado, os interesses nacionais difusos, espalhados por toda a população. Nada disso!

Eles não são necessariamente altruístas, e da mesma forma que o sindicalista defende a esquerda radical de olho em seus próprios benefícios, não no dos trabalhadores, esses grandes empresários muitas vezes se aproximam dos intervencionistas com o mesmo intuito.

Já o liberal verdadeiro tem a árdua missão de defender os interesses pulverizados, do “homem esquecido”, daquele que não tem a força e o lobby de um Steinbruch da vida.

PS: É por isso também, caro leitor, que sua ajuda é fundamental para o trabalho de “think tanks” como o Instituto Liberal. Não vamos receber recursos de empresários como Steinbruch, que provavelmente vão sempre preferir doar para os grandes partidos, inclusive de esquerda, de olho nessas contrapartidas.

Rodrigo Constantino

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