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Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal

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Eleger determinados extratos sociais supostamente desfavorecidos, sob um ponto de vista qualquer; apontar certos grupos de indivíduos como detentores de privilégios e responsáveis pelo sofrimento dos primeiros; gerar, desta forma, conflito e instabilidade no seio da sociedade; oferecer-se como mediador e defensor dos fracos e oprimidos; alegar que necessita, para realizar tão nobre missão igualitarista, concentrar muito poder e recursos financeiros extraídos do setor produtivo em suas mãos; usar tais prerrogativas para criar regramentos esquizofrênicos e implantar tributações que tornam o ambiente de negócios extramente viciado – no sentido de favorecer empresários com “boas relações” e impossibilitar que a concorrência lhes ameace.

Esta tática de Divide et Impera, isto é, Dividir e Conquistar, é tão antiga quanto o império romano, mas nunca sai de moda. Há sempre o embate da vez fomentado por aqueles que veem nas massas de manobra – aquelas pessoas que se deixam levar por uma onda filosófica qualquer sem se dar ao trabalho de investigar suas origens, agindo por impulso revolucionário e alienando sua própria consciência – os instrumentos necessários à legitimação de suas odiosas pretensões disfarçadas de “progressismo”.

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Nesta esteira, nos acostumamos a ver  operários sendo atiçados contra patrões, negros contra brancos, esposas contra maridos, homossexuais contra heterossexuais, dentre tantas outras dicotomias artificialmente criadas entre povo e contra-povo, como bem definiu Gloria Álvarez em sua obra sobre o populismo bolivariano.

Os entrevistados deixam clara sua preocupação em serem “diferentes”, ou então “meio errados”, como afirma um deles. Todos demonstram orgulho de dizer que “não estão nem aí para os outros”, mas gastam horas e horas na frente do espelho para, justamente, deixar o seu visual o mais estranho possível. Eis aí a demonstração prática da ideia de Supervalorização da Racionalidade nas Escolhas formulada por Theodore Dalrymple:

Não causa surpresa, pois, que as pessoas concluam que um costume qualquer não deveria ser ridicularizado ou descartado em razão de sua conteúdo particular, mas simplesmente por ser um costume e, portanto, deletério – ex officio, por assim dizer. Essa conclusão seria em muito fortalecida pelo elogio contemporâneo à originalidade, ou seja, aos esforços de uma pessoa meramente para se fazer diferente – não para ser melhor em algo, mas apenas para ser diferente. Aqui, de forma muito clara, temos um preconceito contra o preconceito.

Vale dizer: o conceito de clássico resta totalmente invertido, na medida em que deixa de ser aquilo que sobreviveu ao teste do tempo e foi aprovado e transmitido adiante por muitas gerações como algo a princípio bom, para passar a ser algo que merece ser desmoralizado pelo simples fato de ter sido herdado de nossos ancestrais – ainda que tal tradição se mostre benéfica. A verdade, neste contexto, passa a ser também apenas uma questão de ponto de vista – ótimo para defensores de ideologias que não deram certo uma única mísera vez na história.

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Roger Scruton, em sua obra Por que a Beleza Importa, argumenta que a beleza não é apenas uma questão de gosto puramente subjetivo, mas algo que dá sentido à vida, que nos conduz momentaneamente a planos morais e espirituais superiores:

“Em qualquer época entre 1750 e 1930, se você pedisse às pessoas cultas para descrever o objetivo da poesia, da arte ou da música, elas teriam respondido: a Beleza. E se você perguntasse pela razão disso, você aprenderia que a Beleza é um valor, tão importante quanto a Verdade e o Bem. Depois, no século XX, a beleza deixou de ser importante. A arte, cada vez mais, concentrou-se em perturbar e em quebrar tabus morais. Não era a beleza, mas a originalidade, conseguida por qualquer meio e a qualquer custo moral, que ganhava os prêmios.

Não apenas a arte fez um culto à feiura; a arquitetura também se tornou desalmada e estéril. E não foi somente o nosso ambiente físico que se tornou feio. Nossa linguagem, nossa música e nossas maneiras estão cada vez mais rudes, egoístas e ofensivas; como se a beleza e o bom gosto não tivessem nenhum lugar real em nossas vidas.  […] Eu acho que nós estamos perdendo a beleza e há um risco de que, com isso, nós percamos o sentido da vida.”

Edmund Burke, em Uma Investigação Sobre a Origem de Nossas Ideias do Sublime e do Belo, assim definiu a beleza:

Chamo a beleza de uma qualidade social, porque toda vez que a contemplação das mulheres e dos homens, e não somente deles, quando a visão de outros animais nos proporciona uma sensação de alegria e de prazer (e há muitos que causam este efeito), somos tomados de sentimentos de ternura e de afeição por suas pessoas, gostamos de tê-las ao nosso lado e iniciamos de bom grado uma espécie de intimidade com elas, a menos que tenhamos fortes motivos para o contrário.

Mas tudo isso, aparentemente, virou démodé. O lance agora é chocar, é surpreender, é aplicar um susto – e olha que neste comercial do UOL eu levei alguns, viu? No episódio recente da exposição profana, pedófila, zoófila e de péssimo gosto organizada pelo Santander e bancada com dinheiro do pagador de impostos ( cuja resolução se deu sem demandar interferência estatal ou envolver episódios de violência, ensinando aos “antifascistas” como resolver as coisas feito adulto), alguns pândegos alegaram que “a arte sempre foi ofensiva”, como se artistas tivessem salvo conduto para incorrer em crimes em sua sanha de subverter a expectativa do interlocutor.

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Sou bem mais a arte da minha sogra: ela não quer chocar os clientes que compram seus quadros, mas tão somente agradar suas vistas, provocar sentimentos positivos e acalmar-lhes a alma. E o resultado é de tirar o fôlego:

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Este freak show exibido pelo UOL nada mais é do que outro desdobramento da deturpação de valores característica desta geração de seres humanos mimados pelo conforto advindo do capitalismo: o que representa a insignificante realidade diante da premente necessidade de ter os desejos atendidos? Se você nasceu ou é feio, portanto, basta exigir que lhe reconheçam como pós-bonito, e pronto – mesmo vivendo em uma época na qual tratamentos estéticos e de condicionamento físico são acessíveis a todos como nunca foram.

No mesmo blog, aliás, é possível deparar-se até mesmo com vitimização de pedófilos. Uma rápida pesquisa deixa claro o porquê desta orientação revolucionária ser tão presente no referido espaço virtual: o Universo Online faz parte do Grupo Folha, dono do jornal de mesmo nome que adora retratar policiais como bandidos, dentre outras presepadas típicas da esquerda pós-revolução cultural de 1968.

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