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Por João Cesar de Melo, publicado no Instituto Liberal

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Na África, a migração anual dos gnus os obriga a atravessar um rio povoado por crocodilos. A solução: o rebanho se lançar de uma só vez para confundir os predadores, permitindo que a grande maioria dos indivíduos cruze o rio enquanto apenas uns poucos são abatidos.

No pantanal brasileiro, existe a lenda baseada em casos reais de peões que, para atravessar alguns rios, lançam um boi para entreter as piranhas enquanto conduzem o rebanho por outro ponto do mesmo rio.

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No planalto brasileiro, os petistas também usam essa estratégia para atingir seus objetivos: Com toda a máquina estatal sob o controle do partido, os líderes autorizam seus agentes a fazer o que julgarem necessário para manipular a opinião pública e para calar a imprensa, a cultura e o setor produtivo. Autorizando que roubem, que corrompam, que distribuíam dinheiro público, que caluniem adversários, que distorçam dados e que manipulem informações e ferramentas democráticas sem qualquer escrúpulo, o PT tem a certeza de que a maioria dessas ações sequer será percebida pela sociedade, afinal, realmente é impossível detectar e assimilar todas ao mesmo tempo. Os casos que chegam a ser descobertos pelo que resta de justiça, de polícia e de imprensa independente são sacrifícios menores, já que para cada notícia de corrupção ou de uso indevido da máquina pública, há dezenas de operações em curso.

O PT sente-se seguro em infringir sistematicamente a lei eleitoral porque sabe que a oposição não tem condições de capitular e denunciar cada infração, além da certeza de que o próprio TSE, presidido por seu “ex”-advogado, relevaria qualquer denúncia mais grave.

O PT tem certeza também de que cada caso de corrupção que chega aos jornais num dia acaba sendo substituído por outro e por outro e por outro… o que acaba se tornando uma rotina vista pelo cidadão comum como entretenimento jornalístico. Xinga-se um político como se xinga um juiz de futebol – ao término da notícia/partida, ninguém se lembra mais de nada. Por mais absurdo que seja cada escândalo de corrupção, tanto pelo descaramento quanto pelo volume de dinheiro envolvido, o PT sabe que logo depois do telejornal vem a novela, o programa de humor ou o Campeonato Brasileiro.

Utilizando o exemplo do Jornal Nacional, quantos de seus trinta minutos são destinados a notícias de corrupção? Cinco. Em casos excepcionais, dez. O PT sabe disso.

O PT sabe que pobre não lê jornal impresso, nem acessa as dezenas de blogs, páginas e portais de notícia da internet.

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O PT sabe que aqueles cinco minutinhos do JN são insignificantes em relação à publicidade estatal que chega aos olhos de cada pobre através da televisão ou por meio de sua militância infiltrada em cada favela.

O PT sabe que, ao pobre que recebe Bolsa Família, basta ouvir alguém do governo dizendo que todas as acusações são mentiras.

O PT sabe que o pobre não consegue fazer relações entre o que acontece na Venezuela e na Argentina com o que estão fazendo no Brasil.

O PT tem absoluta certeza de que criar um tsunami de mentiras sobre tudo e todos que o ameaçam acaba fazendo muitas dessas mentiras serem assimiladas como as mais absolutas verdades.

O PT sabe que o pobre vê com naturalidade a notícia sobre os Correios distribuindo a panfletagem de Dilma – “Ué, os Correios servem pra isso mesmo!”.

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O PT sabe muito bem como funciona a cabeça do pobre. Sabe, até, como convencê-lo de que um celular no bolso e uma TV de LED na parede são mais importantes do que qualquer trágica realidade a sua volta – “Segurança pública, educação de qualidade e transporte coletivo eficiente pra quê, se agora a gente é classe média!”, exclama o pobre.

Seguindo a cartilha socialista, todos os movimentos do PT são em massa. Manipulação em massa. Mentiras em massa. Corrupção em massa… O PT sabe que o conjunto de pequenas ações contra as liberdades econômicas e individuais se transformam numa gigantesca retroescavadeira social e política. O PT sabe que cada um de seus milhares de militantes sociais e culturais formam um imenso autofalante publicitário.

Pouco antes de finalizar este texto, vejo a notícia de outro escândalo: a presidente de uma ONG criada pelo PT na Bahia para construir casas populares no sertão confessou, com todas as letras, que na verdade a organização não passava de uma ferramenta de arrecadação de dinheiro estatal cuja maior parte era desviada para os cofres do mesmo PT. Quantos votos o PT perde com isso? Nenhum. O pobre miserável que vive à custa do Bolsa Família mudará seu voto? O PT sabe que não. PT tem certeza de que o pobre não faz qualquer relação entre sua pobreza e a corrupção estatal.

Estamos às vésperas de uma das eleições mais importantes da história tendo aos olhos e ouvidos novas e grotescas notícias de corrupção envolvendo o governo e empresas estatais, porém, com praticamente nenhum efeito nas intenções de votos. Todos os envolvidos são ligados ao PT. O pivô da rede de corrupção da Petrobrás confessou, deu os nomes, explicou como funciona… e nada! Apenas os “reaças”, os “coxinhas” e os “golpistas” se revoltam. A presidente da empresa continua em seu cargo. A Presidente da República continua liderando as pesquisas.

É um dolorido exercício de criatividade tentar imaginar o que o PT fará nas próximas semanas para conseguir se reeleger. A única certeza que temos é que quanto mais Marina e Aécio ameaçarem a continuidade dos planos do PT, mais veremos avalanches de mentiras, de demagogias, de distorções da realidade e da história e todo tipo de uso da máquina pública; enquanto todo e qualquer caso de corrupção que venha á público provocará no PT, no máximo, algumas gargalhadas.

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O PT faz o que faz e da forma como faz porque acredita que quando as maiores verdades forem percebidas pela sociedade, será tarde demais para qualquer reação.