Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal
A terça-feira havia começado com cenas degradantes para o mundo da política tupiniquim. Em um espetáculo vexatório de bolivarianismo esclerosado, digno de pupilas ridículas de Lula e José Dirceu, à moda das patrulhas chavistas que desprezam o ritual parlamentar, um autêntico “clube da Luluzinha esquerdopata chiliquenta” tomou a mesa diretora do Senado, impedindo o presidente da casa Eunício Oliveira de se sentar e interrompendo a discussão da Reforma Trabalhista.
Algumas das figuras mais lamentáveis da nossa política – Gleisi Hoffman (PT-PR), Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Fátima Bezerra (PT-RN) e Regina Sousa (PT-PI) – agiram como brutamontes tiranas, crentes de que seu grito deve prevalecer sobre a discussão sadia. Seu esperneio em nome da farsa e da mentira que representam, porém, esteve longe de ser a tônica desta semana de júbilo para o cidadão sequioso de justiça e de um futuro mais promissor.
Na mesma sessão, a senadora Ana Amélia destoou de suas infames companheiras de instituição e bradou em defesa do Senado da República, declamando que o Brasil não se submeterá às práticas ditatoriais dos amigos do lulopetismo na Venezuela, que nossa pátria não será submetida pelo miasma bolivariano. Ana Amélia brilhou sobre a mentira tendo o raro despudor de dizer a verdade.
“Se dependesse da vontade do PT, a bandeira do Brasil seria vermelha e a lei seria diferente para os seus aliados”, extravasou. “A ‘ocupação’ do Plenário do Senado foi uma vergonha, um desrespeito à instituição. Tentaram ganhar na força e não pelo argumento, transformando a Casa em um ‘Congresso bolivariano’. Essa é a democracia do PT e seus aliados!”. Parabéns, Ana Amélia, muitos parabéns! Sua posição frente a esse assunto foi altiva e imperiosa. Em uma democracia que se queira decente, porém, os atos dessas inconsequentes precisam ser punidos. Parlamentares já moveram uma ação com esse intento. Que chegue a termo!
A votação da Reforma Trabalhista, esta sim, já foi adiante. Ela foi aprovada. E com ela, já com a anuência declarada de figuras ligadas ao governo federal, como confirmou-se, na noite da mesma terça-feira, uma das maiores conquistas da história brasileira. Uma luta que a UDN de Carlos Lacerda travou durante muito tempo, quando o Brasil nominalmente se afastava da ditadura varguista do Estado Novo, mas se mantinha aferrado aos seus grilhões sociais e institucionais. Uma luta até então inglória contra uma força que, parasitando o trabalho e surrupiando economias e liberdades, instaurou a baderna e teve papel decisivo para alçar ao poder a ode à ignorância e à mediocridade que nos mergulhou no atoleiro de que ainda tentamos sair. A luta contra o peleguismo, contra os grupelhos criminosos que perturbam nosso ir-e-vir e chantageiam a nação para conservar seus privilégios, em vez de efetivamente defender os interesses das categorias profissionais – como poderiam fazer se seu financiamento fosse voluntário. A luta contra o imposto sindical.
Finalmente, com um atraso enorme, desde que em 1945 o país preferiu fingir que não estava saindo de 15 anos de autoritarismo personalista e sindicalista, por iniciativa do parlamentar paranaense Paulo Eduardo Martins, o golpe mortal foi dado e o imposto sindical está abolido. Resta comemorar e velar para que esta conquista não seja traída, para que não haja qualquer modulação, qualquer contemporização, qualquer reviravolta. Que este momento histórico esteja efetivamente consumado.
Para quem pensou que havia acabado, a quarta-feira reservava uma cereja de bolo: o juiz Sergio Moro, em sentença primorosa, com direito a elegantes ironias e fundamentação precisa, condenou o infame ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e meio de prisão e dezenove anos privado de direitos políticos, isto é, dezenove anos afastado de funções públicas. A sentença ainda precisa ser confirmada pelas instâncias superiores, mas simbolicamente, ela expõe ao mundo a mácula moral que foi ter alçado este homem ao posto máximo da nação.
O Estado Novo ainda tem enorme impacto cultural e estrutural no Brasil de hoje, muito em função de, além de não ter sido efetivamente punido, o ditador que o arquitetou ter usado o suicídio como recurso para “sair da vida e entrar para a História”, imortalizando sua influência. A condenação de Lula nos dá esperanças de que o lulopetismo de afinidades bolivarianas, de estrago tão abrangente no corpo e na alma pátrios, possa ter destino diferente, e, portanto, junto ao brilho da verdade proferida por Ana Amélia e o golpe mortal no sindicalismo parasita, pode tornar este meio de semana um dos mais inesquecíveis para o Brasil decente.
Um meio de semana em que as palavras de Moro, ainda longe de estarem plenamente materializadas em nosso combalido país, ressoaram mais forte: ninguém está acima da lei.
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