Segundo essa notícia da Exame, o pré-candidato Jair Bolsonaro abriu o nome do economista liberal com quem teve duas conversas e que gostaria de ver como seu ministro da Fazenda, em caso de vitória. Trata-se de Paulo Guedes. A conversa estaria em fase de “namoro” ainda, não “noivado”:
“Eu busquei quem foi crítico de planos econômicos, plano Cruzado, plano Real com a ressalva da questão fiscal, foi convidado a participar do governo do PT e recusou. Não existe ainda um noivado ainda, é só um namoro. É o Paulo Guedes”, disse ele no fórum Amarelas ao Vivo, de Veja.
Paulo Guedes é economista com PhD pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, e foi um dos fundadores do banco Pactual. Atualmente, preside o grupo de investimentos Bozano.
Bolsonaro afirmou que ambos se encontraram duas vezes para conversar sobre economia, mas ressaltou que a aproximação é “um namoro, ainda não é um noivado”.
O deputado também se disse “um pouco diferente”, mais cobrado do que o normal, por ter tido a “humildade de dizer que não entendia de economia”.
Ele costuma responder às questões sobre macroeconomia afirmando que é seu ministro quem vai precisar entender do assunto, e não ele, como possível presidente.
O que interpretar disso? Bem, antes de mais nada, e como muitos leitores sabem, trabalhei para Paulo Guedes por seis anos numa gestora de recursos. É certamente um dos economistas mais preparados do país, e uma das mentes mais brilhantes que já conheci. Foi ele, inclusive, quem me apresentou à escola austríaca, anos atrás, quando quase nenhum brasileiro sabia quem eram Mises e Hayek. Comento isso no meu livro sobre o assunto.
Quando terminávamos o expediente, já tarde, costumávamos – eu e alguns outros funcionários – nos reunir em torno de Guedes para absorver seus conhecimentos, sua sabedoria, e mantínhamos debates intermináveis. Foi ele que me apresentou ao pessoal que acabou fundando o Instituto Millenium também, com minha participação. Isso mudou minha vida, pois abriu portas como as do Globo e da Veja, colocando-me em destaque entre os formadores de opinião. Se estou onde estou hoje, portanto, devo muito ao Paulo.
Tenho por Paulo Guedes, portanto, respeito, admiração e gratidão. E claro: suas credenciais de liberal estão acima de quaisquer suspeitas. Ele seria sem dúvida o melhor ministro da Fazenda que o Brasil já teve, crítico que sempre foi da social-democracia, dos tucanos, do esquerdismo. Sua escola é simplesmente a mais destacada do mundo, casa de Milton Friedman, e basta ver a quantidade de prêmios Nobel que Chicago produz.
Se o “namoro” vai adiante ninguém sabe. Mas Bolsonaro fez um golaço ao escolher Guedes como um ministro dos sonhos, o que demonstra que sua guinada liberal não é apenas retórica ou cosmética, mas para valer. Até porque Guedes não aceitaria ser uma marionete de alguém, e teria que contar com ampla autonomia para tocar a gestão econômica.
Há quem considere o anúncio prematuro um erro, como aconteceu quando Aécio Neves revelou que Arminio Fraga seria seu ministro. Mas é preciso levar em conta que Bolsonaro não goza da credibilidade dos mercados ainda, e que os investidores o enxergam com legítima desconfiança. Apontar Guedes como o economista que gostaria de ver na Fazenda é um ato simbólico que serve como compromisso do pré-canditado com as boas práticas econômicas.
Mesmo se o “namoro” não evoluir, fica claro que a intenção de Bolsonaro é mesmo apontar para o liberalismo econômico, e outro nome com esse perfil será fatalmente encontrado – ainda que não da categoria de Paulo Guedes, difícil de superar.
Rodrigo Constantino
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS