O nome do meu maltês é Bono, em homenagem ao vocalista do U2. É porque gosto da banda. Mas já sabia, há 10 anos, que a admiração estava restrita ao talento musical (e devemos saber separar as coisas).
O Bono ativista é um saco, um ícone da esquerda caviar, tanto que entrou no meu livro sobre o fenômeno. É verdade que tem lapsos de bom senso, como quando defendeu o capitalismo como melhor programa de ajuda internacional. Mas logo depois escorrega novamente, pois é sua essência “progressista”.
No recente show da banda no Brasil, a politização foi forte, com afagos nas feministas, nos que amam odiar Trump, e até com mensagem contra a “censura”, sabe-se lá qual (talvez aquela à pedofilia?). Bono, não custa lembrar, deu uma guitarra de presente a Lula, depois sumiu durante o petrolão, e agora voltou, como se nada tivesse acontecido.
Artistas deveriam se limitar ao desempenho de sua arte. No caso, cantar boas canções. Quando o sujeito banca o especialista em geopolítica só porque tem uma voz legal, o resultado é um fiasco. Bono é um representante da elite globalista de esquerda. Seguem trechos do Esquerda Caviar sobre o líder do U2, em homenagem a esse grande artista, e minúsculo “pensador”:
Paul David Hewson é seu nome, mas pode chamá-lo de Bono (o bom). Ele merece! Afinal, quando pensamos nas pobres crianças africanas, automaticamente vem à mente sua imagem descolada, com óculos escuros da Prada, lutando por mais justiça na região. Bono, o salvador dos africanos!
O líder do U2 é um dos mais ativos defensores da tese de que os governos ricos ocidentais devem ajudar a combater a miséria africana. O único problema disso, como já vimos, é que tal “ajuda” acaba perpetuando a situação nesses locais, criando dependência ou ajudando a financiar as elites organizadas no poder, não raro ditaduras corruptas e violentas. Intenções valem mais do que resultados?
A estratégia usada por Bono é aquela conhecida da esquerda caviar: incutir culpa nas pessoas (ele mesmo diz reconhecer a sua). Seu discurso faz qualquer um com uma vida minimamente decente se sentir responsável pela pobreza africana.
Com essa tática, conseguiu convencer autoridades a perdoar dívidas desses países miseráveis, inclusive autoridades de países pobres como o Brasil. A presidente Dilma, tal como Lula fizera, perdoou quase um bilhão de dólares de dívidas africanas, beneficiando ditadores nababos e mostrando como fazer caridade com o chapéu alheio é fácil (e o Brasil nem precisa de recursos, pois, como sabemos, não tem pobreza). Resta explicar ao cantor e à presidente Dilma que, agindo assim, as nações mais ricas perdem o interesse em emprestar mais dinheiro a esses países pobres.
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Bono fez questão de se encontrar com Lula ao chegar no Brasil, e disparou elogios ao então mandatário brasileiro. Ao mostrar uma foto do ex-presidente no show, foi alvo de vaias. Seria melhor se procurasse se informar mais antes de pregar suas causas politicamente corretas. Talvez tivesse sabido do “mensalão”, do escândalo dos dólares na cueca, do lamaçal em que o PT se atolou e das medidas autoritárias que Lula tentou passar no Congresso.
Tivesse Bono estudado mais a fundo o caso brasileiro, saberia que Lula representa o oposto de tudo aquilo que possibilitou a reviravolta de seu país. A Irlanda só conseguiria reduzir bem a miséria ao abraçar reformas liberais. Os impostos corporativos foram reduzidos para 12,5%, um dos mais baixos da Europa. A Irlanda se tornou um enorme ímã de investimentos de americanos e ingleses, que são também os maiores parceiros comerciais do país.
Mas nada disso impediu que Bono ignorasse esse abismo existente entre os discursos populistas do nosso ex-presidente e a realidade dos fatos. Estivesse o cantor melhor informado, e mais livre das amarras do politicamente correto, poderia ter dado um recado muito melhor ao mundo. Poderia ter condenado a demagogia de Lula, assim como suas ideias antiliberais.
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Bono quer criar o Bolsa Família mundial, pois reformas locais são coisas chatas de liberais. Disse ainda que Lula, após Nelson Mandela, transformara-se “no grande interlocutor mundial dos pobres”. Algumas pessoas nas redes sociais, revoltadas com a comparação a Mandela, fizeram troça, afirmando que Lula poderia começar a imitação ficando 27 anos na cadeia. Que maldade!
Resta saber o de sempre: Bono vai pagar a conta? Não! A fortuna dele, como vimos, está muito bem guardada em países com menos impostos. E Lula, o “pai dos pobres”, anda cobrando milhares de dólares por cada palestra “abnegada” mundo afora. A esquerda caviar não se emenda mesmo.
Rodrigo Constantino