Quem tem tempo de comentar em vários vídeos e textos numa segunda-feira às 11h? Conversava com amigos sobre o lixo que se espalha pelas redes sociais, com gente cada vez mais radical, e alguns estavam desanimados, julgando que esse é um bom retrato do país como um todo. Entendo o pessimismo: qualquer um que navegar 30 minutos pelas redes sociais vai ficar deprimido com o baixo nível de vários comentários, gente pedindo “cabo e soldado” para fechar o Congresso e o STF ou coisas do tipo. É um show de horrores!
Mas isso é representativo do país todo? Eis o ponto: da mesma forma que a esquerda toma a mídia mainstream como o todo, confundindo sua bolha “progressista” com a realidade um país bem mais complexo, a direita erra ao considerar que as redes sociais são uma amostra fiel da população. Ambos os extremos pecam por miopia. O Brasil é muito maior do que mídia e redes sociais!
A imensa maioria da população está trabalhando, dando duro para sobreviver e prosperar, sem muito tempo para debates infindáveis nas redes sociais, ou para ver muita porcaria produzida pela grande imprensa. Claro que tanto a mídia como as redes sociais exercem influência, desnecessário dizer. Mas não devem ser confundidas com o mundo real. Somos 200 milhões de brasileiros!
Existem efeitos colaterais das redes sociais, fato inegável. O comportamento nelas muda, assim como elas mudam nosso comportamento – dentro e fora delas. As pessoas se tornaram mais extremistas, mais agressivas, sentem-se mais confortáveis atrás de uma tela de computador, encontram outros igualmente radicais e passam a crer que falam em nome da maioria, do “povo”.
Mas o mundo lá fora continua, a imensa maioria segue seu cotidiano sem ligar tanto para esse barulho todo. O grande perigo é se deixar influenciar demais pelo brado de minorias organizadas e barulhentas das redes sociais, ou pelas “análises” torcedoras e partidárias da grande imprensa. Manter a independência é o grande desafio aqui. Nem o jornalismo oficial representa a visão majoritária, nem os militantes engajados no Twitter, Facebook e Youtube.
O liberal e o conservador precisam manter total independência, mesmo diante da patrulha. O compromisso deve ser com o Brasil real, complexo, gigante, plural, não com os “lacres” nas redes sociais ou com os “isentões” da mídia. Sei por experiência própria que não é fácil.
Mas é preciso resistir à tentação de se curvar diante de qualquer um desses tiranos. Só assim estaremos servindo realmente à maioria do povo brasileiro, aquela gente que não tem tanto tempo para xingar nas redes sociais ou ver todos os programas na televisão porque está trabalhando…
Rodrigo Constantino
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