Os cariocas começaram a semana com as notícias de uma verdadeira guerra na Rocinha, a maior favela do estado, em que grupos invasores entraram em confronto com traficantes locais. Foram horas ininterruptas de disparos, principalmente de fuzis. Ao menos uma pessoa morreu. E a polícia nada fez.
Os policiais reclamam, com toda razão, que não possuem equipamentos e pessoal suficientes para impedir esse tipo de ação. Também reclamam, novamente com razão, que prendem marginais que a Justiça solta depois. Desembargadores como Siro Darlan adoram conceder habeas corpus para bandidos perigosos.
Não se aponta apenas para um culpado quando o fracasso é tão retumbante quanto o de nossa segurança. Armas pesadas entram pelas fronteiras porosas como se fossem cigarros contrabandeados. Os policiais não possuem treinamento e instrumentos adequados. As leis e a narrativa “progressista” protegem marginais, tratados como “vítimas da sociedade”. A população civil ordeira foi desarmada pelo estado, perdendo seu direito de defesa. E por aí vai.
A esquerda fala em “políticas sociais” ou legalização das drogas, como se os morros não fossem dominados pelos bandidos em tudo, inclusive no comércio de bens e serviços legais. O Brasil em geral e o Rio em particular estão entregues aos bandidos, que formaram um verdadeiro estado paralelo fora do alcance das autoridades estabelecidas legalmente.
Tem solução? Tem sim, mas certamente não será indolor. Em escala menor, Nova York e Miami já foram dominadas por marginais, e a população adotava toque de recolher informal ou sabia que certas áreas estavam proibidas para circulação em determinados horários. Isso lá nos anos 80. A política de “tolerância zero” foi o caminho escolhido, e rendeu bons frutos.
Em escola maior, temos o caso colombiano. Quem viu a série “Narcos” da Netflix pode ter uma ideia de como era nos tempos de Pablo Escobar. O terrorismo era a regra. A violência saíra de controle. Medellin era sinônimo de campo de guerra, uma espécie de Síria para nós hoje. Mas a Colômbia resolveu enfrentar o problema com coragem, determinação. Não legalizou as drogas. Não achou que o caminho fosse criar creches em favelas. Partiu para o combate, isso sim. Eis o resultado:
Segundo a Fundação Indigo, ligada ao Livres-PSL, e de acordo com o mapa da violência de 2017, vemos que o Brasil já é bem mais violento que a Colômbia, enquanto o Rio passou Bogotá e Medellin na taxa de homicídios por cada 100 mil habitantes. O Brasil está em trajetória de alta, enquanto a Colômbia segue despencando. No Brasil morre assassinada mais gente do que em 150 países do mundo somados!
Enquanto os brasileiros vivem essa guerra, os “progressistas” acham que a grande pauta da população é o transgênero, confundindo novela com realidade, aprisionados na bolha do Projaquistão. O povo quer segurança! Está em busca de um Álvaro Uribe da vida, de um sujeito com coragem de enfrentar a bandidagem, sem discurso mole, sem passar a mão na cabeça de marginal, sem aliviar a barra dos narcoguerrilheiros comunistas (e por isso acusado de “fascista” pela esquerda).
A forma mais fácil de perder uma guerra é se entregando. A segunda é fingindo que sequer está em guerra. Muitos brasileiros têm optado por uma ou outra postura. Mas “ir levando” a vida não fará com que a violência desapareça por um passe de mágica. Desarmar os cidadãos de bem ou legalizar as drogas não vai fazer os bandidos desaparecerem. Só o confronto pode intimidar essa turma. Só a prisão pode afastá-la da sociedade.
A primeira mudança, portanto, deve vir da mentalidade. Tratar bandido como bandido, como alguém que fez uma escolha antissocial e precisa ser severamente punido por isso, para que os demais, que escolheram a via legal do trabalho honesto, possam viver em paz. O mecanismo de incentivos precisa mudar. A Justiça não pode ficar soltando esses marginais o tempo todo, pois assim os policiais ficam enxugando gelo.
E é preciso ser realista: no combate, teremos baixas do lado civil. Já temos, na casa de 60 mil por ano. Mas dessa forma disfarçada, gradual, lenta, o brasileiro parece ter se acostumado ao inferno e aceitado com resignação seu destino de refém do crime. A alternativa, de partir para um efetivo combate ao crime sabendo que haverá perdas no processo, soa melhor no longo prazo. Ao menos traz a esperança de reversão dessa tendência assustadora…
Rodrigo Constantino