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Brasil não é subserviente aos Estados Unidos, mas ranço antiamericano ainda impera na mídia

Sim, o presidente Bolsonaro parece uma criança diante do ídolo de futebol quando está perto de Trump. O alinhamento ideológico é grande, em especial no estilo “genuíno” que ignora a liturgia do cargo, nos ataques ao jornalismo “Fake News”, na retórica anticomunista, na defesa de muros para proteger fronteiras. À exceção do primeiro ponto, que meu lado mais conservador condena, apesar de compreender que é melhor ser bronco e direto do que falso e artificial, estou com Trump e Bolsonaro nas outras questões, reconhecendo apenas o excesso nos ataques contra a mídia, que tem mesmo viés torcedor em grande parte.

Mas eis o ponto: essa afinidade toda vem sendo tratada como “subserviência” por alguns jornalistas. O ultraesquerdista Bernardo Mello Franco, por exemplo, detonou Bolsonaro e Paulo Guedes em sua coluna no GLOBO hoje, como se fossem “patetas” perante o líder americano. Bobagem! O discurso de Guedes, então, nem se fala: foi perfeito para vender o Brasil aos investidores. Mas ao citar Coca-Cola e Disneyland, o jornalista viu a deixa para bancar o engraçadinho e destilar seu ranço antiamericano. Vamos por partes:

Ontem o presidente se desmanchou em elogios aos anfitriões. “Hoje os senhores têm um presidente que é amigo dos Estados Unidos, que admira este país maravilhoso”, disse. Ele estendeu as juras de amor a Donald Trump. “Queremos um Brasil grande, assim como Trump quer uma América grande”.

Nada demais! A América é mesmo um país maravilhoso, o farol da liberdade no mundo ocidental, um exemplo de prosperidade com liberdade individual, com uma trajetória que deveria encher de orgulho os americanos. E Trump, com seus vários defeitos, ao menos é um líder que reconhece isso, enquanto seus adversários democratas preferem investir numa narrativa que detona o legado americano, como se a nação fosse um rastro de opressão pelo homem branco.

O ministro Paulo Guedes acrescentou um testemunho pessoal. “O presidente ama os americanos, eu também. Adoro jeans, Coca-Cola, Disneylândia”, festejou. Faltou citar o Pateta, que parece inspirar uma ala expressiva do novo governo.

O único pateta, no caso, é o jornalista esquerdista, que não consegue esconder seu preconceito. Guedes apenas mencionou símbolos da cultura americana, mostrando com isso que Brasil e Estados Unidos compartilham de afinidades culturais. Guedes quis dizer que gostamos das mesmas coisas, somos ocidentais nesse aspecto, estamos bem mais próximos desse estilo de vida do que muitos outros povos, que consideram essas coisas estranhas. Nada demais.

A bajulação não se limitou aos discursos. O Planalto aceitou abrir a Base de Alcântara, antigo sonho de consumo dos EUA. Mais cedo, liberou os turistas americanos da exigência de visto. O Brasil abriu mão da reciprocidade, um princípio básico da diplomacia.

Por que seria bajulação? A questão é simples: liberar turistas sem visto é bom ou ruim para o Brasil? Esqueça o “princípio básico da diplomacia”. E se foi bajulação, então bajularam japoneses e canadenses também, não? Isso o esquerdista não fala, pois precisa concentrar o fogo na América. Leandro Narloch resumiu bem a coisa: “A decisão de liberar o visto para os maiores mercados de turistas do mundo trará mais benefícios ao Brasil que todos os ministros do Turismo que este país já teve, somados”.

O país pode e deve reforçar laços com os EUA, mas os gestos de Bolsonaro sugerem uma atitude de subserviência, não de parceria. “É preciso ter foco no interesse nacional, não no de outros países”, criticou Geraldo Alckmin, um tucano insuspeito de esquerdismo.

Não vejo subserviência, mas sim parceria, um estreitamento de laços saudável e necessário. O Brasil ficou tempo demais longe dos Estados Unidos, um parceiro natural, por conta única e exclusiva de um ranço ideológico presente em nossa academia e jornalismo. No mais: Alckmin, insuspeito de esquerdismo? Só quem pensa que o PSDB é de direita e nutre simpatia pelo PSOL diria isso…

Em Washington, o presidente voltou a mostrar que a ideologia fala mais alto que o pragmatismo em sua política externa. “Nosso Brasil caminhava para o socialismo, para o comunismo”, delirou, no jantar de domingo.

Delirou? Então o PT não mirava no modelo venezuelano? Não usou o mensalão para comprar o Congresso? Não tentou aparelhar até o STF? Não sonhava com o regime cubano? Delírio é de quem acha que o Brasil nunca correu o risco de virar socialista com o PT.

Enfim, temos muito a celebrar com essa aproximação entre Brasil e Estados Unidos. Essa reportagem da Gazeta do Povo é bem mais fiel ao que aconteceu de fato: Paulo Guedes soube, com brilhantismo, vender nosso país para os investidores estrangeiros. Mas tem gente com saudade de Lula e Dilma, do Mercosul ideologizado, da união “sul-sul” com países africanos corruptos, da retórica antiamericana que sempre esteve presente nos discursos dos nossos “intelectuais” invejosos…

Esses mesmos que criticam a “subserviência” com Trump estariam se derretendo de emoção se um presidente brasileiro lambesse as botas de um Fidel Castro da vida!

Rodrigo Constantino

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