Um dos gestores mais respeitados do Brasil é, sem dúvida, Luís Stuhlberger, do fundo Verde, hoje parte do Credit Suisse Hedging-Griffo, mas que se tornará independente em 2015. Quem acompanha suas cartas sabe que o grau de pessimismo para com o cenário brasileiro vem aumentando. Na carta de novembro, temos o desenrolar de um legítimo filme de terror.
O gestor define 2014 como “um ano de surpresas”, a começar pela abrupta queda na produção de veículos, de 15% em relação a 2013. Isso num setor que contou com vários benefícios do governo, como proteção comercial (aumento de IPI para importados) e subsídios. Apesar da forte queda da produção, o nível de estoques aumentou quando visto em dias de venda. Como ficará o setor agora que o IPI deve retomar ao patamar antigo?
Essa preocupação pode se estender para toda a economia. Há uma clara necessidade de ajuste fiscal, mas ele virá justamente em uma fase já bastante ruim da economia. O gestor aplaude a escolha de Joaquim Levy, um “fiscalista” ortodoxo, mas lembra que não basta o resgate da reputação por meio de um nome forte. No final do dia, os dados importam. E o Brasil ainda vai amargar dados bastante negativos.
A carta compara o momento atual com o ajuste de 2002/2003, mostrando que naquela época o cenário era bem diferente. O resto do mundo ajudou, e o próprio Brasil tinha dados bem mais confortáveis, mais espaço para ajustes, seja pela inflação, seja pelo aumento da carga tributária. Hoje o cobertor é curto demais, e alguns setores serão “chamados” a pagar a pesada conta. E o tamanho do pepino é impressionante:
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