![Brasil precisa se abrir ao comércio internacional Brasil precisa se abrir ao comércio internacional](https://media.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/2018/03/comercio-internacional-768x498-476c5444.png)
Por Luan Sperandio, publicado pelo Instituto Liberal
Nenhum dos presidenciáveis falou até aqui sobre como o Brasil é fechado para o comércio exterior, mas este deveria ser o ponto mais urgente a ser tratado pelo próximo a ocupar o Palácio do Planalto. A política comercial brasileira mimou empresários e o mercado de trabalho nacional, além de encarecer produtos, tornando o consumo de alguns bens inacessíveis aos mais pobres. São algumas das conclusões de estudo denominado “Abertura Comercial para o Desenvolvimento Econômico” da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Ele mostra que a política comercial brasileira é limitada e “reflete uma posição de política altamente intervencionista e protetora”.
Para se ter ideia, a alíquota alfandegária brasileira é a maior entre os países emergentes e desenvolvidos. A consequência dessa restrição em relação ao comércio internacional é que nossas exportações e importações representaram somente 24,6% do PIB em 2016, perante a média global de 51,3%. Analisando os dados, nós somos mais fechados comercialmente que Cuba, um país que costumeiramente reclama de sofrer um bloqueio comercial.
Esse isolamento comercial faz com que a sociedade brasileira deixe de se beneficiar dos ganhos com o comércio, reduzindo nosso grau de eficiência e a possibilidade de atingir melhores níveis de bem-estar.
Essa política prejudica a própria indústria cujo acesso a insumos mais baratos fica impossibilitado. E nos condena a ficar mais pobres, à medida que serve de instrumento de preservação de empresas ineficientes: um obstáculo ao desenvolvimento do país.
O argumento tradicional de sindicatos e industriais é que essa “gordura” é necessária para gerar empregos. Contudo, o mesmo estudo citado analisou o impacto que uma maior abertura comercial teria sobre 57 diferentes setores. Concluiu-se que tão somente 3 setores teriam uma redução no emprego setorial maior que 0,5%, ao passo que 75% desses setores teriam uma expansão do emprego.
Outro ponto estimado pelo relatório é que uma abertura ao comércio exterior refletiria em uma redução no nível geral de preços de cerca de 5% em relação ao cenário sem liberalização. Setores que hoje são muito protegidos, como automóveis, maquinários, couro, têxteis e vestuários, teriam uma redução nos preços entre 6% e 16%. Esse é o valor a mais em média pago pelos consumidores brasileiros em nome da defesa da indústria nacional – e que vai para o bolso do governo.
Barreiras alfandegárias funcionam como uma espécie de privilégio dado pelo governo para os empresários e trabalhadores locais. Com elas, há menos incentivo para os primeiros buscarem aumento de produtividade por intermédio de inovação, redução de custos, procurarem diferenciais competitivos e disputar a preferência dos consumidores no mercado contra as marcas estrangeiras. Da mesma forma, trabalhadores da iniciativa privada são desincentivados a estudarem por mais anos e se manterem atualizados em relação às novas tecnologias até o fim de suas carreiras.
Não à toa que se considera que parte do mercado de trabalho não se empolga com trabalhadores mais velhos. Como contratar alguém que, em pleno 2018, nunca se interessou em aprender a ligar um computador? Há, inclusive, projeto de lei para obrigar empresas a contratarem uma cota de empregados acima de 45 anos.
Com a chancela do governo de instituir restrições ao comércio internacional, empresários se furtam de competir com empresas estrangeiras, e empregados brasileiros se acomodam em vez de buscarem atualização constante. Protecionismo é moralmente tão errado quanto qualquer outro privilégio distribuído pelo governo “aos amigos do rei”.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião