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Quando decidi me mudar temporariamente para os Estados Unidos, meu então editor na VEJA achou que isso seria positivo ao fornecer uma visão de fora do calor imediato sobre a crise brasileira. Mas havia algo mais em minha mente: eu sabia que o contraste do cotidiano entre os Estados Unidos e o Brasil me renderia várias pautas interessantes.

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É preciso tomar algum cuidado para não ficar parecendo alguém que se mandou e fica encantado com tudo o que vê lá fora, cuspindo em seu país com um complexo de vira-latas. Mas esse nunca foi meu caso: eu criticava o Brasil de dentro mesmo, e já conhecia relativamente bem os Estados Unidos e suas qualidades, assim como seus defeitos. Na balança, as qualidades superam com folga. Já do Brasil não dá para dizer o mesmo.

A passividade do brasileiro diante do absurdo sempre foi fator de profunda revolta em mim. O acostamento, por exemplo. Tenho um texto que “bombou” falando que tal “malandragem” é o retrato do Brasil. Mas há muitos outros exemplos. Como disse recentemente o cineasta José Padilha, que está morando na Califórnia, o brasileiro perdeu o senso do absurdo.

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Tomamos como normal aquilo que em todo mundo civilizado é tido como anormal, como bizarro até. E não falo apenas dos escândalos de corrupção impunes do governo. Falo de coisas do dia a dia mesmo, do trânsito, do supermercado, do lixeiro, do básico do básico. Quem ama, educa, dizia Içami Tiba. Vale para os filhos o que vale para a Pátria. Quem é patriota de verdade não joga para baixo do tapete os absurdos de seu país.

Ao contrário: tenta mudar as coisas, e isso começa sempre pelo reconhecimento da verdadeira situação, por mais dura que seja nossa realidade. Com base nisso, já escrevi alguns textos falando da qualidade de vida das empregadas domésticas nos Estados Unidos, do serviço de coleta de lixo, do xerife, e agora vou mostrar um breve vídeo que fiz ontem, na saída da academia, apenas constatando o que deveria ser o normal para todos:

Julgo ainda mais importante esse tipo de iniciativa quando lembro do que nossos “professores” e “intelectuais” espalham pelo Brasil sobre os Estados Unidos. É basicamente só mentiras, fruto da inveja, do recalque, da ideologia. O capitalismo é terrível, mas todos querem viver nele, sair do “paraíso” socialista cubano, da Venezuela, da Argentina, do Brasil mesmo e tentar a vida nesse “inferno”, onde quase todo mundo disposto a trabalhar pode ter uma vida digna.

Chega de tanta mentira! Vamos começar a mostrar mais as verdades dessa grande nação!

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Rodrigo Constantino