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Brasileiro pode ser conservador, mas não é reacionário – tampouco revolucionário

O povo brasileiro pode até ser conservador, mas não é reacionário, não gosta de extremos, e definitivamente não tem perfil revolucionário. Lula perdeu três vezes seguidas até vencer quando mudou o figurino para posar de mais moderado e escreveu a carta ao povo brasileiro, um compromisso com as instituições, que depois quase foi rasgado. FHC, um esquerdista mais moderado na essência, foi eleito no primeiro turno, coisa que Lula jamais conseguiu. João Doria, de centro-direita, foi eleito governador do mais importante estado brasileiro no primeiro turno.

São só alguns exemplos para lembrar que a análise do fenômeno Bolsonaro tem sido muito equivocada por parte dos próprios bolsonaristas. Eles passaram a interpretar que o lado mais ideológico e radical ligado ao filósofo Olavo de Carvalho tinha recebido 57 milhões de votos, que havia um enorme endosso popular aos aspectos mais fanáticos do movimento, o que é claramente absurdo.

Bolsonaro foi eleito numa disputa plebiscitária contra o petismo. Muitos votaram nele tampando o nariz, como o mal menor – e sem dúvida era mesmo. Mas daí a concluir que há um forte apoio popular ao estilo bolsonarista de ser, como vemos nas redes sociais ou na verborragia do próprio presidente, vai uma longa distância.

E, por não ter analisado corretamente o fenômeno, o bolsonarismo promove um racha na base de apoio, afundando todas as pinguelas possíveis com outros grupos de direita, dinamitando pontes, e ficando num gueto extremista cada vez mais restrito, em que o guru convoca militância organizada para apoiar cegamente o líder, algo um tanto fascistoide.

A narrativa antiestablishment mascara um projeto de poder autoritário. Não dá para confiar em revolucionários. O Brasil precisa avançar sim. A agenda de reformas do governo é muito boa, a equipe econômica é ótima, e merece apoio. Mas jacobinos radicais devem sempre ser combatidos, pois são perigosos. Precisamos de reformistas pragmáticos, não de revolucionários oportunistas.

Os bolsonaristas conseguiram transformar em realidade todas as caricaturas que a esquerda usava para rotular a direita. Por isso é tão importante se afastar dessa gente, em nome da direita. Há grande demanda reprimida no país por uma alternativa efetivamente liberal ou mesmo conservadora, desde que mais moderada e, principalmente, democrática. Essa turma olavista não desce.

 Rodrigo Constantino

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