Por Rennan Romarinho, publicado pelo Instituto Liberal
A Economia talvez seja um dos ramos do conhecimento que tenha maior ligação com o cotidiano e é curiosamente o lugar em que os estudiosos mais desprezam essa relação. Muitos economistas tentam fazer explicações sobre o funcionamento da economia com gráficos enormes, agregados como o PIB, porém isso não explica a economia como um todo e muito menos a forma como ela nos afeta.
Entender o real funcionamento de uma economia vai muito além do que a mídia costuma transmitir, pois quando ligamos a televisão e vemos “O PIB aumentou x % nesse ano, o maior crescimento desde tal ano” ou “O IPCA foi de y % nos últimos 12 meses, o menor desde tal década”, achamos que a economia está indo bem e que a nossa vida está melhorando graças a esse apanhado de números lançados ao vento na televisão. Neste artigo, vou explicar o porquê de nós brasileiros termos ouvido tanto nos últimos anos que tudo estava bem e agora estarmos passando por essa enorme crise.
Como ocorreu a crise econômica brasileira
A partir de 2009, algumas leis foram aprovadas permitindo utilização de recursos do Tesouro para financiar o BNDES. A operação parecia bem simples: o governo contraía dívidas, as vendia no mercado e depois repassava esses recursos ao BNDES, que emprestava aos empresários considerados “campeões nacionais” como uma forma de estimulo com juros abaixo daqueles praticados no mercado. Isso ajudou a levar o crédito e proporcionou uma efetiva estatização do mesmo. Entre 2008 e 2014 os bancos estatais injetaram muito dinheiro na economia, isso significou mais consumo no curto prazo, o que levou a aumentos do PIB como vistos no período, enquanto os preços não se ajustaram.
Para aqueles que conhece as teorias da Escola Austríaca, um cenário desastroso estava se construindo, porém, nada que a gloriosa Dilma e sua Nova Matriz Econômica não ajudariam a piorar. Cortando alguns impostos (talvez a única boa medida tomada por ela), fazendo a Petrobras revender gasolina mais barato do que comprava e revogando os contratos com fornecedoras de energia a fim de impor contratos com tarifas menores, o governo conseguiu manter o IPCA estável não fazendo a inflação estourar.
Mas como tudo que é bom dura pouco, após a reeleição de Dilma em 2014, toda a intervenção do estado teve que ser ajustada. Os impostos tiveram de voltar às alíquotas de antigamente, já que o governo estava fechando em déficit primário. A Petrobras teve de reajustar os seus preços, já que o controle de preços gerou um rombo de cerca de 60 bilhões nas contas da empresa. Muitas distribuidoras de energia tiveram que ser socorridas pelo governo com o dinheiro dos nossos impostos.
Após isso tudo, o cenário só foi piorando com uma inflação chegando a quase 11%, os juros foram elevados para que o credito diminuísse e reduzisse um pouco o impacto da inflação, mas isso também reduziu muito os investimentos e provocou demissões em massa.
A questão da Intendente Magalhães
Para aqueles que não são moradores do Rio de Janeiro, a Intendente Magalhães é uma rua importante que passa pela zona norte e durante muito tempo foi conhecida pelo enorme número de lojas de automóveis.
Em 2008, quando iniciou a expansão de credito dos bancos estatais, o governo reduziu (e dependendo dos casos levou a zero) o IPI dos carros, ou seja, tornou mais barato a compra de automóveis e com isso aumentou a quantidade de crédito na economia. Nessas horas tente pensar como um empreendedor: o estado facilita o credito em determinado segmento e ainda o torna mais barato, por que não investir nesse mercado? A abertura de diversas lojas de carros e o consumo em ritmo acelerado era percebido por quem passava pela rua.
Mas infelizmente a conta sempre chega e nesse caso não foi diferente. Como o governo teve que elevar impostos e juros para equilibrar as contas, um número menor de pessoas tomaram empréstimos para comprar carros. Como o carro não é um bem que as pessoas trocam com muita frequência, as lojas que foram criadas baseadas no estimulo governamental acabaram fechando e todos os seus funcionários foram demitidos, já que a demanda diminuiu e a oferta teve de se adequar a ela.
Na rua Intendente também podemos ver exemplos de como a economia se recupera. Quando as pessoas estão com uma renda menor, elas percebem que precisam adequar seus gastos a sua nova realidade financeira. Com isso, deixam de comprar carros mas tentam manter certo padrão de consumo. Hoje, quem passar pela rua ainda verá muitas lojas de carros fechadas, porém várias delas foram substituídas por bares e restaurantes, pois as pessoas não deixam de beber suas cervejas e comer seus petiscos em uma sexta-feira. Talvez seja nesse caminho que a economia brasileira deva seguir para sua recuperação e não em credito artificialmente baixo que um burocrata iluminado resolveu decretar.
Sobre o autor: Rennan Romarinho é estudante de filosofia e técnico em contabilidade pela Faetec, por isso não gosto de impostos.
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