A novela do Brexit continua sem definição. A revista conservadora The Spectator desta semana conta com vários artigos, incluindo o editorial, detonando a postura de Theresa May e dos conservadores. May tinha dito, no passado, que nenhum acordo era melhor do que um acordo ruim.
No entanto, ela agora faz de tudo para desenhar um acordo, qualquer acordo, mesmo que péssimo e que tenha que acenar para os trabalhistas. Essa estratégia de excessiva contemporização e apego ao establishment pode acabar fortalecendo a candidatura do socialista antissemita Jeremy Corbyn, o que é temerário para os britânicos.
Pesquisas mostram que a maioria prefere uma saída sem acordo do que esse terror sem fim. É verdade que haveria uma ruptura no primeiro momento, mas a população não compra o alarmismo apocalíptico que os políticos fazem, os mesmos que tinham previsto o caos se o Brexit vencesse o plebiscito – caos que passou longe da economia britânica, que vai bem.
Outro aspecto que gera crescente insatisfação é se falar em novo plebiscito, um desrespeito com a própria democracia. Fica parecendo que o povo pode decidir, desde que concorde com o establishment, com a elite política de “ungidos”, que no fundo tem muito mais interesse em permanecer na União Europeia do que o povo em si, e não por motivos nobres ou altruístas.
Piers Morgan, que votou para continuar na UE, diz em artigo que, se houver novo referendo, votará para sair, primeiro porque os profetas do Apocalipse se mostraram equivocados, depois por respeito à democracia. Afinal, essa foi a vontade da maioria e deve ser respeitada.
Uma saída sem acordo pode representar turbulência no curto prazo, mas parece ser o desejo da maioria da população. Os “iluminados” da política preferem insistir num acordo ruim, temendo o pior. Mas o pior será o enfraquecimento do Partido Conservador, cada vez mais desgastado pela incompetência dos últimos dois anos, o que poderá levar ao poder uma figura extremista como Corbyn. Esse sim, seria o verdadeiro caos para os britânicos!
Rodrigo Constantino