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Vejam a manchete do GLOBO e parte da notícia:

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A polícia de Londres identificou o terrorista do atentado de quarta-feira como Khalid Masood, um britânico nascido em Kent. Ele tem 52 anos e já foi condenado por outros crimes de violência não relacionados ao terrorismo no passado, segundo autoridades. A sua última condenação havia sido em 2003, por posse de uma faca. Mais cedo, no entanto, a premier do Reino Unido, Theresa May, disse que o suspeito era conhecido pela polícia e já tinha sido investigado por ligações com o terrorismo. O Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria do ataque, que matou quatro pessoas, incluindo o terrorista, e deixou 40 feridos.

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“Massod não era alvo de nenhuma investigação atual e não existiam informações prévias sobre a sua intenção de conduzir um ataque terrorista”, disse, em nota, a polícia londrina.

Em uma declaração ante o Parlamento, May afirmou que o agressor “foi investigado há anos pelo Mi5 (serviços de Inteligência) por suspeita de violência extremista”, e teria atuado por motivações ideológicas islamistas. Este foi o ataque mais violento no Reino Unido desde os atentados suicidas de 7 de julho de 2005 em Londres, que deixaram 56 mortos, incluindo os quatro homens-bomba.

“O autor do ataque diante do Parlamento britânico é um soldado do EI e a operação foi realizada em resposta a um chamado para atacar os países da coalizão (internacional antijihadista)”, indicou a agência Amaq.

Nas redes sociais, simpatizantes do grupo jihadista comemoraram o ataque e o definiram como uma “vingança” pelos bombardeios britânicos em Mossul, capital da milícia no Iraque.

Agora vamos lá: qual a principal função de uma manchete no jornalismo? A resposta parece um tanto óbvia: tentar condensar em poucas palavras o principal da notícia, resumir a mensagem essencial, passar o máximo de informação útil num headline apenas. Creio que ninguém precisa ter feito faculdade de jornalismo para compreender isso. Talvez seja até o contrário…

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Pois bem: a informação em destaque, de que se trata de um britânico, tem muita relevância para o caso? O que importa ao leitor saber se o terrorista em questão nasceu ou não em solo britânico? O fato de ele ser britânico representa algum indício de que devemos estar mais atentos aos britânicos? Será que precisamos desconfiar quando cruzarmos com um típico britânico por aí?

Hummm. E que tal o fato de o terrorista se chamar Khalid Masood, será que isso já começa a fazer mais sentido para os leitores na tentativa de compreender em poucas palavras o que se passou em Londres? E o fato de Khalid Masood ser um muçulmano, será que isso também não teria mais relevância para os leitores no afã de entender o que está acontecendo?

O fato de o Estado Islâmico ter assumido a autoria do atentado não diz muito mais do que a nacionalidade do terrorista, já que ele certamente não matou suas vítimas por ser britânico, mas sem dúvida cometeu seu ato hediondo por ser muçulmano fanático?

Quando fazemos essas simples perguntas inocentes, e sabemos as respostas por puro bom senso, salta aos olhos o que Trump quer dizer quando fala em “fake news”. É essa manipulação deliberada que vem cansando. É essa proteção covarde aos muçulmanos que gera tanto descrédito. É essa mania de falar que armas matam, carros e caminhões atropelam, ou o uso de eufemismos como “atacante” para se referir a terroristas islâmicos, que já esgotou nossa paciência.

Qualquer jornalismo sério, que mereça tal nome, destacaria aquilo que mais importa nessa notícia: MUÇULMANO FEZ O ATAQUE EM LONDRES. O resto é tentativa de desviar o foco do essencial.

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Rodrigo Constantino