Caetano Veloso só é tido como intelectual num país como o Brasil. O mesmo vale para Chico Buarque. Ambos, aliás, disputam para ver quem é mais estúpido quando o assunto é política. Alguns acham que Caetano é mais esclarecido e moderado, pois, vejam só!, já teceu até críticas ao PT, enquanto Chico continua firmemente casado com Lula e a ditadura cubana. Caetano, nesse sentido, seria mais “limpinho”, mais “moderado”, quase um tucano.
Mas não tem jeito: esses nossos músicos que se acham os intelectuais têm forte vocação para a defesa do atraso. Quando um deles consegue “romper” com o PT, é só para colocar algo muito parecido em seu lugar. Se não dá mais para defender Lula, então vamos de Ciro Gomes, aquele típico caudilho nordestino que já passou por tudo que é partido, mostrou-se completamente destemperado, é truculento e tosco (fazendo Bolsonaro parecer um legítimo gentleman britânico) e acha que não dá para cortar nem um bilhão de gasto público, nesse estado hipertrofiado que temos. É esse o sujeito que Caetano, após “refletir”, resolveu apoiar para 2018. É o que revela o Blog do Moreno:
Antes de embarcar ontem à noite para Montevidéu, no Uruguai, onde começa hoje uma série de shows pela América do Sul, Caetano Veloso disse ao Blog do Moreno que acredita que Ciro Gomes é a melhor das opções colocadas para a sucessão de Michel Temer. Reconheceu que, ao assumir a candidatura de Ciro, está na contramão de vários amigos intelectuais e artistas, como Chico Buarque, que acabam de subscrever um manifesto em defesa da candidatura do ex-presidente Lula, sob o título “Lula já!”.
— É bom que as posições sejam definidas, pois isso só estimula, agita, o debate.
Ao blog, Caetano ressaltou que a sua posição em defesa da candidatura de Ciro Gomes já havia sido manifestada em artigo que escreveu para a revista eletrônica “Fevereiro”, da qual é colaborador.
Ele já previa, nesse artigo, o surgimento do movimento pró-Lula, tanto que, a certa altura do texto escreveu:
— A volta de Lula? O pensamento sobre 2018 trouxe a hipótese. Lula é um líder de grandeza incomparável, talvez só Getúlio. Seu discurso em resposta à estranha decisão do juiz Moro de expedir uma condução coercitiva para levá-lo a depor sem que ele tivesse se negado a fazê-lo mostrou um político potente. Pouco depois, ele já aparecia como um ex-líder. Entristece, mas a fórmula de liderança populista é algo que me sugere retrocesso a velhos males latinoamericanos.
Sobre a candidatura de Ciro, Caetano lembrou:
— Votei em Ciro Gomes na eleição de 1998: eu não era a favor da reeleição. Agora, sabendo-o possível candidato, penso em voltar a fazê-lo. O discurso de Mangabeira em sua volta ao PDT, que vi na internet, me convenceu.
Ou seja, basta repetir umas baboseiras sensacionalistas de esquerda para convencer Caetano, o “grande intelectual” brasileiro. Se essa gente não tem mais Lula para defender, descola uma Marina Silva, um Marcelo Freixo ou um Ciro Gomes. O importante é sempre flertar com o atraso, com o socialismo, com a defesa de um estado inchado e intervencionista. A extrema-esquerda que finge ser moderada e que disputa sempre entre seis ou meia-dúzia, desde que a direção não mude e continue apontando para Cuba e Venezuela.
Essa gente cansa. O Brasil cansa. A esquerda enoja. E o fato de essa turma ser considerada “intelectual” em nosso país diz tudo sobre o apagão cerebral em que vivemos. Caetano e Chico: quem leva o troféu de maior estupidez?
Rodrigo Constantino
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