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Marina Silva já despertou muitos suspiros de emoção em membros da elite romântica brasileira. O tipo rico, muitas vezes herdeiro, que no fundo gosta do PT, mas que sabe que não pega bem defender abertamente o “partido” depois do mensalão, do petrolão, dos 14 milhões de desempregados, da volta da inflação e do apoio ao regime venezuelano: eis o perfil que idolatra a “seringueira” do Acre, com sua história de vida comovente, em especial para essa elite entediada e culpada.

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Não vinha ao caso o fato de ter sido do PT por vários anos, de ter saído do PT falando em respeito e orgulho de seus pares, e de vestir literalmente o boné do MST. Marina tinha “evoluído”, cercou-se de economistas moderados, e passou a pairar acima do Bem e do Mal, da política em si, das disputas partidárias. Aparecia de tempos em tempos, normalmente perto de eleições, para arrastar a voz metálica em prol de alguma mensagem superior: ela ia unir o que há de melhor em todos os partidos.

Leia-se, na prática: usar alguns tucanos mais esquerdistas e atrair seus velhos companheiros petistas. Marina nunca deixou de ser uma esquerdista radical, que encantava a elite alienada com seu discurso ambientalista. Entrou na disputa entre os favoritos, e desde então foi só definhando, até minguar. Saiu minúscula, bem menor do que entrou, nada perto daquela que já teve 20 milhões de votos. Seus míseros 1% de votos enterram de vez o sonho dos “marineiros”. E entre as causas desse enorme fracasso temos justamente notícias como esta:

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A cúpula da RedeSustentabilidade, partido da ex-senadora Marina Silva , deve aprovar uma resolução proibindo o voto de seus filiados no candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro. A Rede deve liberar os militantes para votar nulo ou aderir ao candidato do PT, Fernando Haddad . Se algum parlamentar ou dirigente da Rede declarar voto em Bolsonaro, sofrerá sanções e pode até mesmo ser expulso da sigla.

Em uma reunião nesta quarta-feira na casa do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), com a presença de Marina e parte dos senadores eleitos, a maioria apoiou uma resolução com crítica contundente aos dois candidatos, mas encerrando com a seguinte determinação: “Nenhum voto em Bolsonaro”. A posição da Rede é similar ao apoio crítico do PDT a Fernando Haddad. Na prática, a Rede vai aprovar um “Ele não”.

Da reunião prévia, além dos porta-vozes da Rede, Pedro Ivo e Lais Garcia, participaram Marina, Randolfe, o coordenador financeiro Basileu Margarido, e os senadores eleitos Fabiano Contarato (ES) e Delegado Alessandro Vieira (SE).

– Como partido, nós temos obrigação, por princípio, de defender as populações indígenas, os vulnerabilizados, as minorias e o meio ambiente do que representa o Bolsonaro – defendeu Marina, tendo a concordância dos presentes.

A Rede pode simular neutralidade, imparcialidade, e pode fingir pairar acima da briga ideológica entre esquerda e direita. Mas é tudo enganação. A Rede é vermelha mesmo. Tem lado. E só fisga peixes à esquerda. Marina escolhe a quadrilha que assaltou o Brasil, que a difamou com perfídia poucas vezes vista na política nacional nas últimas eleições. Por trás de toda afetação de superioridade moral, daquela fala chata sobre ambientalismo, jaz uma petista que não consegue abandonar as origens, tampouco os velhos companheiros.

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PS: Quando o Partido Novo estava sendo criado, houve conversas com empresários e políticos ligados a Marina. Quem me contou foi o próprio João Amoedo, e lembro de sua argumentação para rechaçar qualquer parceria: atrair Marina faria o partido já nascer grande, mas também viciado. Teria a cara dela, uma cara que está bem distante dos ideais liberais fundadores do Novo. Ainda bem que nenhum tipo de acordo vingou. Marina, com os artistas e empresários por trás, teve bem menos voto do que Amoedo, sem qualquer estrutura, sem fundo partidário e sem a simpatia dos famosos. Marina repete que representa o novo na política, mas como podemos ver, é uma grande mentira. Ela tem a idade avantajada – e os defeitos – do seu antigo PT.

Rodrigo Constantino